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O DESAFIO DO EMPREGO
Há um forte movimento de
opinião nos Estados Unidos
contrário à exportação de empregos
para outros países. As dificuldades
recentes da economia dos EUA, com
repercussões sobre a oferta de trabalho, ajudaram a reforçar a percepção
de que empresas norte-americanas
estariam sendo até mesmo antipatrióticas ao se instalarem no exterior,
caso do México e, especialmente, da
China e dos países asiáticos. O
"boom" de exportações chinesas,
muitas realizadas por grupos americanos, estimulou a apresentação de
projetos de conteúdo protecionista
tanto na Câmara como no Senado.
Um recente estudo da empresa
Alliance Capital Management, dos
EUA, sugere que a exportação de empregos, embora de fato ocorra, não
deveria ser vista como a principal responsável pela redução da oferta de
postos de trabalho na indústria. De
fato, dados fornecidos pela empresa,
publicados pelo jornal "Valor", confirmam que o encolhimento do emprego industrial não é um fato localizado, mas um conhecido fenômeno
global, já detectado nos últimos
anos, que continua em curso.
A análise constata que, entre 1995 e
2002, cerca de 22 milhões de empregos industriais foram eliminados em
20 países pesquisados. Mesmo na
China, vista como vilã pelos norte-americanos, houve o fechamento de
16 milhões de postos na indústria de
transformação durante esse período.
A queda global do emprego industrial foi acompanhada de um aumento de 30% na produção, demonstrando, mais uma vez, a tendência de
elevação da produtividade baseada
em ganhos tecnológicos e aperfeiçoamento de processos.
Nos Estados Unidos, de acordo
com o estudo, a produção real da indústria cresceu 77% mesmo com o
fechamento de 22% das vagas verificado desde 1979. Movimento semelhante ocorreu na agricultura, com
elevação de 96% da produção e diminuição de 31% dos empregos.
Essa tendência foi largamente prevista por economistas, sendo célebre, a propósito, a utopia marxista de
um futuro no qual as sociedades, eliminados os antagonismos de classe
e conquistados altos padrões de uso
da máquina na produção, poderiam
liberar seus cidadãos do fardo do trabalho mecânico e alienado para que
gozassem de forma mais consciente
e criativa o tempo livre.
Certamente esse paraíso terreno
imaginado por Karl Marx não está
no horizonte. Em que pese a crescente transferência de empregos da indústria para outros setores, notadamente o de serviços, o problema da
oferta de trabalho permanece como
um dos graves desafios do século
que se inicia, atingindo, ainda que
com consequências diversas, tanto
os países ricos como os pobres.
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