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ELIANE CANTANHÊDE
Aécio e Alckmin
BRASÍLIA - Quanto mais a votação das reformas se aproxima e os governadores se assanham, mais recorrentes se tornam as apostas sobre quem é
o líder emergente (e, logo, potencial
presidenciável) do PSDB: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin,
ou o de Minas, Aécio Neves?
Aécio, 43, é mais "político". Neto de
Tancredo, jovem, simpaticão, tem
ótimo trânsito entre empresários, políticos de todos os partidos e jornalistas. Tem, também, mais expressão
nacional e importante experiência
parlamentar -já foi, inclusive, presidente da Câmara.
Alckmin, 50, é mais "administrativo". Médico do interior de São Paulo,
seco, direto, não tem o traquejo parlamentar nem parece fazer questão
de ampliar interlocutores para além
das fronteiras de São Paulo. Mas, enquanto Aécio é o "garotão", passando parte do tempo nas praias do Rio,
Alckmin, sempre em São Paulo, sempre ao lado da mulher, faz o gênero
"bom moço". E está mais bem avaliado na pesquisa Datafolha.
Além dessas características, há um
dado muito importante nessa disputa surda e jamais assumida: a herança. Alckmin surfa bem numa situação financeira mais saneada e numa
lista razoável de obras e boas notícias
para dar. Aécio está atolado num
quadro econômico e político de dar
dó. Inadimplente com a União, Minas perde repasses federais. Dúbia
em relação às privatizações, perdeu
também investimentos privados. Explica-se: Alckmin é herdeiro de Mário
Covas, e Aécio, de Itamar Franco.
Em relação ao governo Lula, Alckmin continua o impassível de sempre, enquanto Aécio joga com as armas que tem: a influência sobre a
grande e forte bancada mineira.
Tanto é que, de uma tacada, conseguiu trancar a pauta do Senado. Não
é pouco.
Por enquanto, só cabe registrar e
observar o sobe-e-desce dos dois. Porque, na prática, é cedo e inútil apostar em qualquer deles para 2006: a
reeleição de Lula é pule de dez. Mas
Aécio e Alckmin são jovens, ambiciosos, têm partido, governam dois dos
três Estados mais importantes e estão
em campo. Sem eles, não há jogo.
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