UOL




São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

Aécio e Alckmin

BRASÍLIA - Quanto mais a votação das reformas se aproxima e os governadores se assanham, mais recorrentes se tornam as apostas sobre quem é o líder emergente (e, logo, potencial presidenciável) do PSDB: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ou o de Minas, Aécio Neves?
Aécio, 43, é mais "político". Neto de Tancredo, jovem, simpaticão, tem ótimo trânsito entre empresários, políticos de todos os partidos e jornalistas. Tem, também, mais expressão nacional e importante experiência parlamentar -já foi, inclusive, presidente da Câmara.
Alckmin, 50, é mais "administrativo". Médico do interior de São Paulo, seco, direto, não tem o traquejo parlamentar nem parece fazer questão de ampliar interlocutores para além das fronteiras de São Paulo. Mas, enquanto Aécio é o "garotão", passando parte do tempo nas praias do Rio, Alckmin, sempre em São Paulo, sempre ao lado da mulher, faz o gênero "bom moço". E está mais bem avaliado na pesquisa Datafolha.
Além dessas características, há um dado muito importante nessa disputa surda e jamais assumida: a herança. Alckmin surfa bem numa situação financeira mais saneada e numa lista razoável de obras e boas notícias para dar. Aécio está atolado num quadro econômico e político de dar dó. Inadimplente com a União, Minas perde repasses federais. Dúbia em relação às privatizações, perdeu também investimentos privados. Explica-se: Alckmin é herdeiro de Mário Covas, e Aécio, de Itamar Franco.
Em relação ao governo Lula, Alckmin continua o impassível de sempre, enquanto Aécio joga com as armas que tem: a influência sobre a grande e forte bancada mineira. Tanto é que, de uma tacada, conseguiu trancar a pauta do Senado. Não é pouco.
Por enquanto, só cabe registrar e observar o sobe-e-desce dos dois. Porque, na prática, é cedo e inútil apostar em qualquer deles para 2006: a reeleição de Lula é pule de dez. Mas Aécio e Alckmin são jovens, ambiciosos, têm partido, governam dois dos três Estados mais importantes e estão em campo. Sem eles, não há jogo.


Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Cavando a própria cova
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Lula e FHC
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.