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CARLOS HEITOR CONY
Lula e FHC
RIO DE JANEIRO - No meio do caminho, geralmente há uma pedra, e,
quando não há pedra, como no caso
de Drummond, há uma "selva oscura" -como no caso de Dante. É na
metade do caminho que se adquire a
noção do que será o resto.
No primeiro mandato, FHC deixou
escapar aquela jóia de má informação, dizendo que era fácil governar o
Brasil. Teve um segundo mandato de
lascar e deixou uma herança pesada
para o seu sucessor.
Lula ainda está no começo do começo, e embora conserve o apoio da
maior parte da população, já desconfia que boa vontade, fé em Deus e pé
na tábua não bastam para realizar
aquilo que sonhou, aquilo que prometeu e, sobretudo, aquilo que esperam dele.
Mussolini dizia que não era difícil
governar os italianos: era inútil. Embora não seja exemplo que deva ser
citado, o "duce" não era burro e botou o dedo na ferida: nem com democracia, nem com ditadura se pode fazer tudo o que o povo espera. Já é lucro quando se deixa de fazer besteira,
como Mussolini fez, aliando-se a Hitler. Passados cem dias de governo,
sente-se um clima não de desânimo,
mas de perplexidade no alto escalão.
Todos os hierarcas do PT e dos partidos aliados parecem ainda em campanha, proclamando que o Brasil
mudou, que agora a coisa será diferente.
Na realidade, o que se observa neste início de governo é um continuísmo nem sempre bem disfarçado. A
máquina rola, não se mexe em time
que está ganhando e, embora os jogadores sejam outros, o jogo parece o
mesmo.
Quando há vontade política para
fazer alguma coisa, de bom ou de
mau, a coisa começa a ser feita no
primeiro dia. Foi assim que no exemplo mau, Collor confiscou poupança
e depósitos no seu primeiro dia de
governo.
Foi assim com JK, que no primeiro
dia de governo levou a Volta Redonda o então vice-presidente Nixon,
dos Estados Unidos. E descolou uma
verba para dobrar a nossa produção
de aço. E em cinco anos fez o trabalho de 50.
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