|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
A luta continua
BRASÍLIA - As lutas, aliás, continuam. A do governo do PT para
aprovar o mínimo para o mínimo na
Câmara já na terça-feira e a luta interna estrelada agora pelos ex-líderes
estudantis José Dirceu (PT) e Aldo
Rebelo (PC do B) pela coordenação
política. Palocci fica só espiando.
Na vitória, todos querem aparecer
na foto. Na derrota, fica o empurra-empurra para apontar o culpado.
Mas a balança Dirceu ganhou x Aldo
perdeu não faz sentido. Afinal, o governo de ambos sofreu sua maior
derrota na votação do mínimo. Como dizer que Dirceu ganhou se o governo dele perdeu? A não ser que ele
tenha jogado contra e seja o verdadeiro traidor do Planalto. Ao que tudo indica, não é. Ou ainda não é.
Governos perdem votações, e oposição nem sequer tem obrigação de ganhar. O que mais importa no placar
de 44 a 31 contra o Planalto na semana passada é a constatação cristalina
de que, independentemente de erros
e de quem é mais culpado ou menos,
o governo foi pego de calça curta no
Senado. Ali ele não tem maioria. Não
tem e nunca teve.
Enquanto o governo era novinho
em folha, as metáforas de Lula ainda
tinham graça, e as reformas eram
meio consensuais. Tudo bem. Depois
de Waldomiros, do PIB negativo e
das brigas internas, o desgaste aflorou e expôs a realidade de uma base
quantitativamente apertada e qualitativamente duvidosa.
Se, na Câmara, o PT é a primeira
bancada, no Senado é apenas a quarta, com 13 das 81 cadeiras. Com o
acréscimo de que se trata de uma Casa de cobras criadas (Sarney, ACM,
Bornhausen, Arthur Virgílio, Renan...), enquanto os petistas são na
maioria novatos (Ideli, Serys, Ana Júlia, Sibá, Delcídio, Cristovam...).
Além de nem sempre fiéis.
Ou o governo se reorganiza e reavalia quem é quem ou vai sofrer derrota
atrás de derrota. Depois, não adianta
chorar o leite derramado e os R$ 2 bi
a mais para bancar o mínimo de R$
275. Nem botar a culpa em Aldo Rebelo. Até porque a verdadeira disputa de poder é mais em cima. Rebelo só
leva a rebarba.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O avanço da barbárie Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Nos tempos da onça Índice
|