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ELIANE CANTANHÊDE
Crise, férias e minhocas
BRASÍLIA - A mais nova crise começou com a prisão de Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, desviou para o racha de policiais, juízes
e ministros e resvalou no Palácio do
Planalto.
Nahas já está escaldado desde
1989, quando detonou a implosão
da Bolsa de Valores do Rio. Celso
Pitta... bem, era um nada antes de
virar prefeito e continuou um nada
para o resto da vida. E Dantas não
abriu a boca, muito menos nos depoimentos à Polícia Federal.
Os três pivôs da crise, portanto,
estão congelados. E virou um tal de
tirar férias. O delegado Protógenes
Queiroz vai "estudar", e o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa,
o juiz Fausto De Sanctis e até o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, se mandaram. Porque, afinal,
ninguém é de ferro...
Ficamos nós, com a batata quente, com quilos de interrogações e
com aquela sensação de sempre de
que o tudo vai dar em nada. E o dossiê anti-FHC? E a VarigLog?
Até a irritação de Lula é a mesma
de quando a coisa fica feia para o
PT, a família, o churrasqueiro, o
compadre advogado, ministros e líderes. A diferença: antes, ele não
viu nada, não sabia de nada. Agora,
ora sabe, ora não sabe.
Sabia quando comemorou a operação da PF e atraiu Gilmar e Tarso
Genro -portanto, o caso- para
dentro do Planalto. Deixou de saber
quando o faz-tudo Gilberto Carvalho caiu no grampo amigo da PF.
Subitamente, Protógenes virou esquisitão, afastou-se, ou foi afastado,
e as pessoas meteram um monte de
minhocas na cabeça. Em público, o
presidente aplaudiu a criatura (o
inquérito). Em privado, condenou o
seu criador (o delegado).
Lula entrou em grande estilo e
quis sair de fininho da história. Não
colou e teve conseqüências. Ninguém sabe do que, exatamente, Daniel Dantas é acusado. Mas todo
mundo -inclusive o advogado de
Dantas- se pergunta por que Lula
tinha de se meter onde não foi chamado. Olha aí a minhoca!
elianec@uol.com.br
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