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VALDO CRUZ
Ilustre desconhecida
OSLO - Uma semana na Noruega e,
no final, uma estranha sensação.
Acho que a Petoro, a estatal norueguesa criada para cuidar da riqueza
do petróleo, é hoje mais conhecida
no Brasil do que por aqui.
Pode parecer mentira, mas, nos
três primeiros dias de conversa
com técnicos, empresários e assessores, a maioria simplesmente não
tinha a menor idéia do que era "essa
tal de Petoro".
No início, sinceramente, achei
que era desinformação. Como funcionários graduados do governo, a
despeito de não serem diretamente
ligados ao setor, não conheciam a
tão famosa Petoro, a estatal que o
presidente Lula quer copiar?
Depois, em contatos com gente
do setor dentro do governo, ficou
mais claro aquilo que me pareceu
uma falta de conhecimento. O fato é
que a Petoro, apesar de ser uma empresa, é praticamente um escritório
com um quadro bem pequeno.
Na definição da assessoria direta
do primeiro-ministro da Noruega, é
uma empresa bem discreta, que
apenas administra a riqueza do Estado no setor de petróleo, não opera
campos e realmente ninguém a conhece nas ruas.
Talvez aí esteja o erro do governo
brasileiro ao tratar do tema. Não
soube explicar bem o que poderia
vir a ser essa estatal que eles querem copiar da Noruega -que um
assessor do primeiro-ministro daqui diz inclusive que prefere não
chamar de estatal.
Como estatal no Brasil está sempre relacionada à distribuição de
cargos e favores entre políticos,
num desvio total do que deveria ser
uma empresa do setor produtivo, a
idéia do Palácio do Planalto é vista
com má vontade por muitos.
Não estou defendendo a Petro-Sal brasileira, mas apenas procurando mostrar que, se a brasileira
fosse igual à sua prima norueguesa,
creio que as críticas seriam pelo
menos suavizadas e ela seria mais
bem aceita no mercado.
Agora, pelos políticos, aí tenho
minhas dúvidas. Infelizmente, no
Brasil, político, se puder, indica até
porteiro de prédio.
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