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CLÓVIS ROSSI
O partido do biquinho
SÃO PAULO - O fotógrafo Joel Silva, desta Folha, capturou no domingo um raro instantâneo, o do
cúmulo do cinismo na política. Refiro-me à foto de Joel em que Geraldo Alckmin e José Serra aparecem de mãos dadas, festejando a vitória de Alckmin na convenção do
PSDB.
Quem sabe o que um diz do outro
longe de câmeras, gravadores (e fotógrafos), sabe também do que estou falando.
Se não fossem políticos, trocariam facadas, não abraços. Facadas
verbais, talvez, porque se pretendem civilizados, mas facadas.
Como são políticos, trocam abraços, um exercício de hipocrisia que
só contribui para destroçar ainda
mais a já baixa credibilidade do
mundo político.
O pior é que não têm motivos políticos para trocar facadas. Afinal,
até hoje, passados praticamente
dois anos, ninguém do tucanato se
animou a explicar por que Alckmin
era melhor candidato à Presidência
do que Serra. Agora tampouco há
uma explicação política para que
alguns tucanos prefiram Gilberto
Kassab a Alckmin e outros tucanos
prefiram Alckmin a Kassab. Tudo,
como disse editorial de ontem desta Folha, se resume a projetos
pessoais.
Tanto é assim que os tucanos
"kassabistas" insistiram, uma e outra vez, que Kassab é melhor candidato porque ajuda a candidatura
Serra em 2010, não porque administra melhor que Alckmin.
Se atacassem Alckmin diretamente, desqualificariam todo o
partido, na medida em que Alckmin foi candidato presidencial do
PSDB. Se era bom para tentar administrar o país, não poderia ser
ruim para governar uma cidade.
A verdade é certos tucanos precisam afagar Kassab, porque são
muitas as plumas que se aninham
na prefeitura.
Só falta Anthony Garotinho dizer
que é o "partido do biquinho", contraponto ao "partido da boquinha",
tascado por ele no PT.
crossi@uol.com.br
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