|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MELCHIADES FILHO
Bloco da saudade
BRASÍLIA - Salvo surpresa nesta
última semana de convenções partidárias, a meses da votação é possível dizer que o "bloquinho" tremeu
no primeiro teste eleitoral.
Nascido de circunstâncias da atividade no Congresso, o consórcio
formado por PSB, PDT e PC do B
iniciou 2008 com três ambições:
1) Arranhar a hegemonia (e a obsessão "hegemonista") do PT e firmar posição na coalizão de Lula;
2) Unir forças nos municípios e,
com isso, aumentar a viabilidade de
seus candidatos a prefeito;
3) Montar palanques para consolidar o nome de Ciro Gomes à sucessão presidencial de 2010.
Nada disso foi adiante:
1) O "bloquinho" desistiu de incomodar o PT antes de tentar. Toda
vez que os petistas pediram socorro, aceitou retirar seus concorrentes (São Paulo, Natal, Salvador, Recife...). A contrapartida ocorreu só
uma vez, em Belo Horizonte -e,
ainda assim, por interferência de
Aécio Neves, um tucano, e não por
imposição da "nova esquerda";
2) As peculiaridades da política
municipal comprometeram o projeto de replicar a parceria, ao menos
no primeiro turno. Nas capitais, o
trio hoje faz mais vôos solos do que
em conjunto. As relações estremeceram. Abalroado pelo escândalo
do BNDES, o PDT virou um tio inconveniente que ninguém quer por
perto. PSB e PC do B passaram a se
alfinetar no noticiário;
3) A despeito de recaídas beligerantes, Ciro não quis jogar todas as
fichas já. Operou para convencer
Aldo Rebelo a ser vice de Marta Suplicy, por exemplo. Reduzir a resistência do PT de São Paulo pareceu-lhe mais importante do que divulgar o nome pela TV na cidade.
Tantos recuos não tardaram a repercutir em Brasília. O "bloquinho"
não mostra fôlego nem para tentar
a presidência da Câmara, a empreitada que lhe deu origem em 2007.
Foi procurar a solução noutro partido: o simpaticão Ciro Nogueira
(PI), do PP, que de esquerda tem
apenas a mão que espeta o bife.
mfilho@folhasp.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O partido do biquinho Próximo Texto: Rio de Janeiro - Sergio Costa: Politicamente incorreto Índice
|