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SERGIO COSTA
Politicamente incorreto
RIO DE JANEIRO - Bebida e direção não combinam, correto? Quem
há de discordar? Estatísticas em
que cada vez mais vidas, principalmente jovens, são abreviadas não
cessam de nos chocar. Mas por que,
então, dá um certo mal-estar não
poder mais tomar duas taças de vinho no jantar e dirigir de volta para
casa? É óbvio que, a partir de agora,
esse tipo de motorista será alvo de
achaques, sob ameaça de multa e
prisão com seus polêmicos mais de
2 decigramas de álcool no sangue.
Um efeito colateral previsível da
nova lei. Tremenda ressaca.
Ainda no trânsito: quantas vidas
seriam salvas se as vítimas de acidentes usassem cintos de segurança? Redundante desfiar números.
Mas não é esquisito ficar amarrado
de forma compulsória ao banco do
carro num congestionamento por
horas a fio? Se a fila andar, a gente
aperta o cinto. Precisa mesmo multar quem está parado, seu guarda?
Fumar é uma droga, certo? Certíssimo. Faz mal, incomoda quem
não tem o vício, mata. Mas, então,
por que soa estranha essa proibição
indiscriminada do cigarro em fumódromos de bares e empresas?
Para um não-fumante, piloto habitual de carrinho de bebê, depois
da lei ficou impossível andar na rua
sem ter que driblar muitas baforadas e brasas perdidas. Tabagistas
invadiram as calçadas brandindo
seus cilindros incandescentes. Estavam melhores confinados.
São questões irresponsáveis e politicamente incorretas. Mas que
têm lá suas ponderações. Se sobram
interrogações, também falta bom
senso por todo lado. Embica-se na
perigosa tentação de achar que tudo só se resolve com políticas de tolerância zero -sempre de viés autoritário, avalizadas pela mão pesada
do Estado e com aceitação testada
em pontos de consenso. Ao menos
ainda nos deixam apreciar a morena do lado sem risco de prisão.
sergioqc@uol.com.br
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