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EDITORIAIS
PRESENÇA FEMININA
"Homens e mulheres são
iguais em direitos e obrigações". O enunciado constitui o fulcro
do inciso I do artigo 5º da Constituição. Em termos puramente jurídicos, são hoje mínimas as diferenças
no tratamento que a lei dá a homens
e mulheres. Na prática, porém, a tão
festejada igualdade entre os sexos
permanece -infelizmente- uma
meta ainda distante.
A questão do lugar da mulher na
sociedade ganha visibilidade com a
indicação da deputada Rita Camata
(PMDB-ES) para ocupar o posto de
vice-presidente na chapa governista.
Haverá os que saudarão a iniciativa,
afirmando que aos poucos a mulher
vai ocupando espaços até então reservados a homens. Mas haverá também os que verão na estratégia uma
manobra de marketing que apenas
reforça estereótipos machistas.
A julgar pelo comportamento de
outros candidatos presidenciais, que
disseram que também cogitam convidar mulheres para tornar-se suas
vices, parece haver simpatia geral por
candidaturas femininas. O observador mais agudo não pode deixar de
reparar que, mesmo que esses convites se materializem e representem
avanço, em termos objetivos as mulheres estarão ocupando posições
subalternas, e não a cabeça de chapa.
Houve, é verdade, a candidatura de
Roseana Sarney (PFL-MA), mas que
naufragou antes mesmo de zarpar.
Sucumbiu a um problema de imagem que derrubaria qualquer político, no que constitui prova de que, pelo menos nesse campo, homens e
mulheres não diferem tanto assim.
É claro que é desejável que muitas
mulheres disputem a Vice-Presidência, mas isso ainda está longe de tornar minimamente equilibrada a presença feminina em postos-chaves do
Estado. A primeira ministra de Estado, Esther de Figueiredo Ferraz
(Educação), só foi nomeada nos
anos 80, ainda sob o regime militar.
A primeira governadora do país, justamente Roseana Sarney, só foi eleita
em 94. No Supremo Tribunal Federal, a indicação de Ellen Northfleet
para o cargo de ministra foi ainda
mais tardia, datando de 2000.
Infelizmente, a discriminação contra as mulheres vai muito além da tímida presença do gênero em cargos
de direção. O problema adquire dimensões muito mais preocupantes
na base e não na cúpula.
Mulheres em geral seguem sendo
sistematicamente discriminadas na
sociedade brasileira. No campo profissional, é regra, por exemplo, que
recebam menos do que homens para
exercer as mesmas funções. Ainda
são as vítimas preferenciais da violência doméstica e, na estrutura familiar, frequentemente carregam o
ônus de criar sozinhas os filhos, entre tantas outras dificuldades.
É bom que haja mais candidatas a
todos os cargos eletivos do país, mas
isso ainda é muito pouco para tornar
minimamente real o inciso I do artigo 5º da Lei Fundamental do país.
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