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CLÓVIS ROSSI
O tucano órfão
SÃO PAULO - Atrevo-me a dar
uma boa e uma má notícia para Geraldo Alckmin.
A boa: ele não é o único candidato
a sofrer uma vertiginosa mudança
em apenas 30 dias, pouco mais ou
pouco menos. Barack Obama também passou de uma vantagem de
sete pontos sobre John McCain para uma desvantagem de cinco pontos, pelo menos de acordo com o
instituto Zogby.
Como Obama é tudo o que se quiser, menos "picolé de chuchu", o
apelido que José Simão tascou em
Alckmin, o candidato tucano não
tem (ainda) razões para cortar os
pulsos. Se um candidato tão antichuchu pode tropeçar desse jeito,
também pode acontecer com Alckmin ver uma desvantagem de 4
pontos (dentro da margem de erro)
transformar-se em 17.
A má notícia: lida com lupa a pesquisa Datafolha publicada no domingo, verifica-se que não há propriamente uma gangorra Marta/
Alckmin/ Kassab entre uma pesquisa e outra, mas uma hemorragia
na candidatura Alckmin.
Em algo menos de dois meses,
Marta oscilou de 38% para 36% e
para 41%. Do ponto de partida
(38%, no início de julho), evoluiu na
margem de erro.
Kassab idem. De 13% para 11%, e
daí para 14%, é um ritmo normal.
Alckmin não. Caiu oito pontos percentuais em um mês, fora da margem de erro e sem que tivesse havido qualquer evento que o fizesse
sangrar. Não foi apanhado roubando as moedas amealhadas por um
mendigo cego na porta da igreja,
não esfaqueou a mulher ou a filha,
nada que tivesse merecido atenção
especial da mídia.
A lógica manda atribuir a hemorragia ao fato de que ficou exposta a
orfandade de Alckmin. Nem o seu
partido o apadrinha. Ao contrário,
apunhala-o sem piedade e sem o
menor pudor.
Não está, pois, nas mãos de Alckmin o torniquete que poderia conter o sangramento.
crossi@uol.com.br
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