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ELIANE CANTANHÊDE
Terceiro turno
BRASÍLIA - Lula já criou, no plano externo, o G20, o G4, o -3, o G-isso, o
G-aquilo. E, no plano interno, o G7
-grupo dos amigos do presidente
que alardeiam que o senador Aloizio
Mercadante será o candidato petista
ao governo de São Paulo em 2006.
Faltou combinar com os adversários. Com quem Lula, Dirceu, Palocci,
Genoino, João Paulo, Gushiken e o
próprio Mercadante acertaram a decisão na campanha de Marta Suplicy? Com ninguém.
Se Marta ganhar, vai se tornar candidata fortíssima e deixa a prefeitura
nas boas mãos de Rui Falcão depois
de mais de cinco anos de mandato. Se
perder, vai brigar pela vaga com a
mesma garra de sempre.
Além disso, há os "outros": e se Suplicy quiser concorrer? O G7, portanto, esqueceu de combinar com Marta,
com Rui Falcão, com Suplicy e... com
as bases do PT paulista. O partido
usa o sistema de prévias, que tem
muito mais do que sete votos.
No caso tucano, a situação é mais
difusa, o que não significa melhor. José Serra, eleito, ficará amarrado à
prefeitura, sob o risco de sair em pouco mais de um ano e se queimar. Derrotado, vai ter que travar uma luta
de vida e morte no partido.
Além dele, há uma lista de postulantes longa como lista de supermercado. São uns dois secretários de
Alckmin (Saulo e Chalita), meia dúzia de deputados (Feldman, Zulaiê,
Aloysio Nunes Ferreira...) e um virtual vereador, o ex-presidente nacional tucano José Aníbal, candidato
agora à Câmara Legislativa.
E há o PFL. Tucanos e pefelistas
aprenderam a duras penas em 2002
que um precisa do outro. Se a disputa
pela Presidência com Lula for para
valer, o PSDB vai com um candidato
forte e com apoio do PFL. É difícil,
mas o preço a pagar pode ser o governo de São Paulo. Com um nome pefelista (Afif Domingos?) ou apoiado pelo PFL (Aníbal?).
A sucessão ao governo paulista,
portanto, passa menos por Brasília e
mais por São Paulo. E, apesar de todos os desmentidos, ela também já
está começando.
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