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LIMITES PARA GIGANTES
O Iraque pode ser o maior problema enfrentado pelo governo dos EUA, mas há outros sinais de
que a administração Bush já não implementa suas políticas com a facilidade que se seguiu ao trauma do 11
de Setembro. Na contramão das expectativas da Casa Branca e dos grandes conglomerados de mídia, a Câmara reverteu a desregulamentação
aprovada em junho pela FCC (Federal Communications Commission).
Por 400 votos a 21, os deputados
derrubaram na quarta-feira a principal mudança introduzida pela agência reguladora, que permite a um
grupo possuir emissoras de TV em
quantidade suficiente para atingir até
45% do público norte-americano
-contra um limite anterior de 35%.
Comitê do Senado já havia tomado
decisão semelhante à da Câmara.
Resultado de intenso lobby de
companhias como Disney (proprietária da rede ABC) e News Corporation (Fox News), o pacote da FCC
desperta oposição veemente de instituições tão distintas quanto National
Rifle Association (pró-armas) e National Organization for Women (feminista), além de ONGs de defesa
dos direitos do consumidor.
Esses grupos argumentam que, ao
estimular uma concentração de propriedade ainda maior do que a atual,
as mudanças definidas pela agência
contribuirão para limitar a diversidade de informação. Há 20 anos, 50
corporações dominavam o mercado
de mídia nos EUA. Eram 23 no início
da década passada. Hoje são cinco.
Ainda não se sabe se Bush vetará a
decisão do Congresso. Caso isso
ocorra, serão necessários dois terços
dos votos, nas duas Casas, para restabelecer o limite de 35%. Seja qual
for o desfecho do episódio, impressiona que a resistência aos grandes
conglomerados tenha prosperado
em meio ao espírito desregulamentador que domina o governo dos
EUA. Também é novidade a rebeldia
da maioria republicana no Congresso. Até recentemente, ninguém
apostaria que ela pudesse criar dificuldades para a Casa Branca.
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