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FERNANDO RODRIGUES
Monotonia eleitoral
BRASÍLIA - A primeira fornada de
pesquisas neste início de campanha
eleitoral para prefeitos e vereadores mostra uma monótona semelhança com 2004. Agora, como há
quatro anos, os partidos mais tradicionais dominam as disputas nas
capitais e nos municípios grandes e
médios.
Já há pesquisas disponíveis em 61
cidades brasileiras. O eleitorado
nessas localidades soma 41,2 milhões, o equivalente a 32% dos que
votarão em 5 de outubro.
Quatro partidos são hegemônicos no processo: PT, PMDB, DEM e
PSDB. Essas siglas têm 51 candidatos em primeiro lugar isolados ou
empatados nas 61 capitais e cidades
grandes e médias pesquisadas.
Em 2004, essas mesmas quatro
agremiações já haviam sido vitoriosas. Receberam 60,5% dos votos para prefeito em todo o país.
No processo atual, a história se
repete. Salvo as exceções de praxe,
quando não é um político de um
partido grande o favorito, muitas
vezes trata-se de alguém numa sigla
menor com o apoio do establishment. O exemplo mais evidente é
Márcio Lacerda, em Belo Horizonte. Ele é filiado ao PSB, mas tem o
apoio do governador do Estado, Aécio Neves, do PSDB.
O dado mais explícito desse cenário eleitoral é simples: o sistema
partidário do país está em decantação. Só não há avanços maiores por
causa das aberrações legais favorecendo siglas menores, num democratismo cordial típico do Brasil.
Dos 27 partidos registrados no
TSE, poucos terão capacidade de
obter mais do que uma fração dos
votos em outubro. Em 2004, dez siglas tiveram cada uma, no máximo,
0,3% dos votos no país. A presença
desses nanicos na propaganda obrigatória na TV e no rádio é proporcionalmente muito maior.
Felizmente, e contrário à lei de
Pelé, o eleitor médio tem ponderado o suficiente para isolar essa turma sem representação.
frodriguesbsb@uol.com.br
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