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RUY CASTRO
Mais a sério
RIO DE JANEIRO - Lula da Silva
disse em seu programa "Café com o
Presidente" que considerou "razoável" a participação do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim. Foi a sua
média entre a atuação da seleção
masculina de futebol, que ele achou
"frustrante", e a da feminina, que
chamou de "heróica". Os outros esportes não lhe dizem respeito, mas,
enquanto presidente, ele se sentiu
instado a dar um caráter mais
abrangente à fala do trono.
Daí, declarou que o Brasil precisa
levar o esporte "mais a sério". E
exortou as prefeituras, os governos
estaduais e as empresas a contribuir -imagina-se que em dinheiro- com potenciais atletas, para
que o país possa ser representado
por equipes mais competitivas. Na
sua visão, se começarmos agora, os
primeiros resultados já aparecerão
em 2012 e, em 2016, estaremos "na
ponta dos cascos".
Como sempre, somos brindados
com uma apreciação nebulosa. O
Brasil precisa levar o esporte mais a
sério -ou seja, o país é um garotão,
boa gente, mas meio estróina e preguiçoso, que, em vez de acordar cedo para fazer ginástica, fica na rua
até altas horas, jogando sinuca ou
contando piada de papagaio. E, por
isso, está sendo chamado às falas
por um pai grave, severo, que sabe o
que é melhor para ele.
Também para variar, esse pai
adora transferir responsabilidades.
As prefeituras, os governos estaduais e as empresas é que precisam
adotar o esporte. O governo federal
não entra nas cogitações presidenciais. Talvez porque, na visão dele, o
Ministério da Educação já esteja
cumprindo suas obrigações.
Resta saber por que, segundo dizem, apenas miseráveis 12% da rede escolar brasileira têm praça de
esportes. Aos matriculados nos demais 88%, que aprendam pela TV
como se pratica o taekwondo, a luta
greco-romana, o badminton ou a
marcha atlética.
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