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ELIANE CANTANHÊDE
Tasso, o FHC de Ciro
BRASÍLIA - Tasso Jereissati está para Ciro Gomes como Fernando Henrique Cardoso está para José Serra.
Tasso e FHC são um pouco mais velhos, maduros, serenos e negociadores do que os dois candidatos. Ciro e
Serra, mais afirmativos e brigadores.
O crescimento de Ciro nas pesquisas corresponde a um crescimento da
importância política de Tasso na
mesma proporção. E, caso Serra dê a
volta por cima e recupere posição,
FHC será decisivo para o empurrão
final até o segundo turno.
Tasso é o grande fiador político de
Ciro, considerado excessivamente
impulsivo e imprevisível. FHC, o instrumento para conectar Serra a um
eleitorado que, aparentemente, não
vê muita graça nele.
Nos dois casos, é sempre um desconforto trabalhar a relação política,
administrativa e até pessoal entre sucessor e sucedido. Tasso e Ciro mantêm um discurso uníssono de lealdade há anos e, por mais que se tente,
não falam mal um do outro. Já FHC e
Serra mantêm uma relação de amor
e ódio, e não raro a camaradagem
resvala para a competição. Esse é um
temor do círculo próximo a FHC
num eventual governo Serra.
Os dois grupos vivem uma espécie
de queda-de-braço. Os paulistas
ameaçam apoiar o petista Lula num
eventual segundo turno sem Serra.
Os cearenses articulam a contra-ofensiva, dizendo que eles podem ir,
mas o PSDB fica com Ciro.
O momento é obviamente bom para Ciro e ruim para Serra, mas o mais
importante não é o resultado de pesquisas em si. É o efeito no esquema
político, na base da candidatura, na
vontade, no ânimo, na garra da campanha. E no humor do candidato.
Ciro começa a montar um esquema
real de poder, que parecia muito fluido, muito inconsistente. Serra, ao
contrário, passa a conviver com a
ameaça de dissidências num esquema que parecia tão bem montado.
Até nisso Tasso e FHC são fundamentais. Tasso, para conter o clima
de já ganhou na campanha de Ciro.
FHC, para não deixar a peteca cair
na campanha de Serra. Nem a peteca, nem os aliados.
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