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ELIANE CANTANHÊDE
O Sul em chamas
BRASÍLIA - Tudo começou com os
vices de Yeda Crusius e de Cristina
Kirchner, e os dois governos estão
se esfarelando. Secretários caem, a
popularidade despenca, e a sustentação balança.
No Rio Grande do Sul, o vice Paulo Feijó gravou uma conversa que
jogou o governo da tucana Yeda numa das maiores crises estaduais da
temporada. Na Argentina, o vice
Julio Cobos deu o voto de Minerva
que derrubou o principal socorro financeiro bolado pela presidenta
Cristina, que ficou sem o dinheiro
-e sem discurso e apoio popular.
Nos dois casos, parece faltar experiência e sobrar soberba, numa
combinação explosiva. Yeda faz
uma besteira atrás da outra. E Cristina não soma adeptos e divide excessivamente a administração, a
imagem e a arrogância com o marido e antecessor, Néstor Kirchner.
É possível descrever a crise gaúcha num parágrafo: a fita do vice sobre corrupção; a queda de sete secretários (inclusive os principais,
como o chefe da Casa Civil); a compra de uma casa entre a eleição e a
posse, sem que a aritmética patrimonial feche; até o absurdo projeto
de aumento do próprio salário em
143% em meio aos farelos. O salário
era muito baixo? Era. Mas haja falta
de senso de oportunidade!
Com tantos flancos, a governadora não faz mais nada. Ora responde
sobre desvios do Detran, ora sobre a
queda dos secretários, e sempre sobre a história da casa comprada na
hora errada, de forma errada. O resultado é a aprovação em queda livre e uma perplexidade geral. E a
economia? A administração?
Ninguém merece 10 anos de Carlos Menem nem de sua "aliança carnal" com os EUA, e depois dele a politizada Argentina vem passando
por poucas e boas. No também politizado Rio Grande do Sul, a alternância entre direita, centro e esquerda não levou a nenhum paraíso. Os velhos líderes já eram, e os
novos não disseram a que vieram.
Os tempos são sombrios. As perspectivas não são melhores.
elianec@uol.com.br
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