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PROPOSTA AMAZÔNICA
Merece atenção a proposta
lançada por pesquisadores
brasileiros e norte-americanos de estabelecer um novo mecanismo internacional de prevenção do desmatamento. O objetivo dos cientistas, como consta de artigo publicado no
Mais! da semana passada, é a redução das emissões de gases envolvidos no aquecimento global, como o
gás carbônico (CO2).
Pelo projeto do grupo, países em
desenvolvimento que controlam florestas tropicais, como o Brasil e a Indonésia, poderiam receber compensações por reduzir o desmatamento.
Se conseguissem num determinado
período de tempo diminuir suas taxas de desflorestamento para níveis
pré-combinados, estariam autorizados a emitir certificados de redução,
os quais poderiam ser vendidos a
países desenvolvidos ou a empresas
que tenham necessidade de compensar suas emissões de gás carbônico
para adequar-se às exigências do
Protocolo de Kyoto. Vale notar que,
no papel, já existe um dispositivo
análogo, o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), que permitirá a países industrializados compensar suas emissões financiando projetos que resultem na redução de CO2,
mas que excluem florestas nativas.
Para que avance, a proposta precisaria, em primeiro lugar, ser aprovada pela conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, que
administra o Protocolo de Kyoto. Os
países membros se reúnem na Itália
a partir de amanhã.
A diminuição de emissões de gás
carbônico via redução do desmatamento foi excluída da primeira fase
de vigência do protocolo (2008-2012), mas pode, em tese, ser incluída na segunda. Cerca de 75% das
emissões se devem à queima de combustíveis fósseis. Os 25% restantes
são atribuídos principalmente ao
desmatamento de florestas tropicais.
O Protocolo de Kyoto, em sua configuração atual, determina um corte
de 5%, em média, nas emissões por
queima de combustíveis de países
mais desenvolvidos.
O controle do desmatamento, diferentemente do MDL, apresenta a
vantagem de manter intactos biodiversidade e recursos hídricos. Sua dificuldade estaria na verificação da
preservação das florestas. Os cientistas, porém, sustentam que imagens
de satélites já podem medir com precisão a degradação das matas.
Faz sentido a lógica que preside à
proposta do grupo. A floresta só será
mantida em pé se a preservação for
economicamente mais interessante
do que o desmatamento. É claro que
um mundo em que o ambiente fosse
respeitado como um valor em si
mesmo, sem a necessidade de recorrer a incentivos financeiros, seria um
mundo melhor. Infelizmente, ainda
precisamos usar de subterfúgios
econômicos para legar a nossos filhos um planeta habitável.
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