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DETECTOR DE DROGAS
A partir do próximo mês, as
farmácias brasileiras estarão
vendendo os polêmicos aparelhos
que permitem detectar o consumo
de drogas ilícitas. O instrumento,
que é dotado de um reagente específico para cada grupo de droga, funciona ao entrar em contato com a saliva ou o suor do usuário. Se o "suspeito" tiver consumido a substância
proibida nos dias anteriores ao teste,
o visor do aparelho ficará rosa.
Cada engenhoca funciona apenas
uma vez e é preciso adquirir a versão
correta para o tipo de droga que se
quer testar: canabinóides (maconha,
haxixe), opiáceos (heroína, morfina), anfetaminas (ecstasy) e derivados da cocaína. Cada detector custará entre R$ 40,00 e R$ 50,00. A expectativa do fabricante é comercializar
1,4 milhão de unidades nos próximos dois anos.
A polêmica, porém, não está apenas no funcionamento do instrumento, mas principalmente em sua
utilização, que é controvertida sob
diversos ângulos. Do ponto de vista
legal, a questão é até simples: em
princípio, nenhum cidadão pode ser
testado contra a sua vontade e, se o
for, a "prova" não terá validade jurídica. Se há, portanto, alguma utilidade para o teste, ela é relativamente limitada. A exemplo do bafômetro,
poderia, por exemplo, ajudar a polícia de trânsito.
No plano médico, a questão é mais
complexa. O que significa um único
resultado positivo para uma determinada droga? A resposta é: muito
pouco. A exemplo do que ocorre
com o álcool, nem toda utilização de
droga é patológica. Os melhores critérios para definir se alguém é ou não
dependente são os sociais. Pode parecer tautológico, mas um indivíduo
tem problemas com drogas a partir
do momento em que as pessoas que
convivem com ele percebem que ele
tem um problema com drogas. Isso,
obviamente, o teste não determina.
Em certos casos, a venda desses
aparelhos em farmácias pode ser até
contraproducente. Não é preciso
muita imaginação para perceber que
os maiores clientes tendem a ser pais
preocupados com a possibilidade de
que seus filhos estejam usando drogas. Eles certamente têm o direito de
querer saber o que se passa com seus
filhos. Testá-los, porém, sem o seu
consentimento pode acabar causando constrangimentos e gerando atritos desnecessários e prejudiciais.
Pais que suspeitem de que seus filhos estejam enfrentando problemas
com drogas têm, obviamente, todas
as razões para preocupar-se. Nesses
casos, o mais indicado é procurar
ajuda especializada. Uma abordagem correta tende a minimizar os
desgastes, além de produzir melhores resultados.
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