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ELIANE CANTANHÊDE
Fim de agosto
BRASÍLIA - A popularidade de Lula vai muito bem, mas o seu governo...
Depois de anos espinafrando a "insensibilidade social" do antecessor e
de meses justificando a própria paralisia com o "Orçamento herdado de
FHC", o problema pode ser outro, ou
outros: incompetência de ministros e
festival de vagas para aliados, especialmente do PT.
Depois de insistir que governa com
os melhores, Lula vai promovendo
uma troca de nomes quase imperceptível. José Graziano começou o ano
com o principal programa do governo e termina com a perspectiva de
corte de 77% de verbas em 2004. Carlos Lessa grita que está fortíssimo,
mas quem manda é o segundo do
BNDES. Humberto Costa, da Saúde,
não fala mais em vacina, Aids, SUS.
Só em cargos. A festa chegou até à Funasa e ao Instituto do Câncer!
Depois de décadas reclamando dos
adversários que loteavam cargos em
troca de votos no Congresso, o governo petista nomeia até afilhados de
Jader Barbalho na Sudam e de Newtão Cardoso nos Transportes. Isto é:
onde cabe. Em muitos órgãos, a lotação está esgotada -com petistas.
Depois de décadas empenhados na
divulgação de documentos da guerrilha do Araguaia e na entrega de todos os corpos às famílias, petistas se surpreendem hoje com o recurso do
governo, o seu governo, para maneirar a sentença judicial que ajudaria a
pôr tudo em pratos limpos.
Depois de oito anos encampando a
ira dos servidores por falta de aumento, eis o pagamento do PT menos
de um ano após chegar ao poder com
apoio maciço da categoria: além do
1% neste ano, a promessa da mesma
dose também no próximo.
Depois de tantas manchetes prometendo o "espetáculo do crescimento"
para este final de ano, Lula vai ter
que anunciar um "erramos". Neste
ano, não dá. No próximo, talvez.
Um direitista de má-fé diria: "Tá
vendo? Não avisei que a esquerda
não sabia governar?" Ainda bem que
o próprio Lula garantiu de que desse
mal ele não padece. Nunca, nunquinha, foi de esquerda. Ainda bem!
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