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A Copa como ela é
Juros de empréstimos para obras de estádios pagariam dois Itaquerões
Valor, de R$ 2,4 bi, está incluso nos R$ 6,7 bi a serem quitados por Estados, empresas e clubes
Fatura será cobrada por bancos públicos e fundo de desenvolvimento; parcela do Corinthians será de R$ 4,8 mi ao mês
Assim que o apito final soar no Maracanã no próximo domingo (13), a maior parte da fatura da Copa começa a ser cobrada de Estados, empresas e clubes de futebol que se endividaram para construir ou reformar os estádios usados durante o Mundial.
O carnê é caro. Para garantir arenas com o padrão Fifa, os responsáveis pelas obras pegaram emprestados R$ 4,3 bilhões de bancos públicos e de um fundo de desenvolvimento regional.
O valor total do financiamento chegará a R$ 6,7 bilhões, considerando os juros que serão cobrados nos próximos 13 anos.
A estimativa de gastos com juros --R$ 2,4 bilhões-- foi feita a pedido da Folha por Jorge Augustowski, diretor-executivo de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), com base na cópia dos contratos disponíveis na página da Transparência do governo federal na internet.
Com esse dinheiro, seria possível construir duas arenas como o Itaquerão.
Dos 12 estádios usados durante o torneio, 11 tiveram suas obras bancadas, em parte, com o dinheiro emprestado pelos bancos. Apenas o Mané Garrincha, o mais caro (R$ 1,4 bilhão), foi erguido usando somente recursos do caixa do Distrito Federal.
No total, os 11 estádios custaram R$ 7,1 bilhões. Nessa conta está incluído o custo dos juros de quatro arenas.
O dinheiro dos primeiros empréstimos começou a ser liberado em 2011. Como os contratos previam carência de dois a três anos (prazo para o início do pagamento), as prestações só começaram a ser cobradas neste ano.
Para os que bateram na porta dos bancos mais tarde --como Corinthians, Internacional e Atlético Paranaense--, a conta só começará a ser cobrada em 2015.
E ela não será barata. A primeira parcela do Corinthians terá de ser quitada em junho do ano que vem. O valor é estimado em R$ 4,8 milhões. Se a taxa de juros não mudar, o clube pagará o valor até o fim do contrato, de 155 meses.
Apesar da conta salgada, o governo federal destaca que as obras geraram empregos e garantiram a realização de um evento que trouxe dividendos para a economia.
Segundo o Ministério do Esporte, a construção e a reforma das arenas geraram 50 mil empregos diretos. A projeção de renda que será adicionada à economia brasileira com a Copa é de R$ 30 bilhões.