São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011

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A FAVOR DO VETO

Proibição dos inibidores: antes tarde do que nunca

JOSÉ RUBEN BONFIM
ESPECIAL PARA A FOLHA

No início dos anos 1990, o British National Formulary, compêndio-padrão de orientação para quem receita produtos farmacêuticos, afirmava que supressores de apetite não têm valor no tratamento da obesidade.
O documento alertava ainda que os fármacos causam dependência e estados psicóticos, entre os efeitos adversos mais graves.
A retirada dos anfetamínicos no mercado europeu começou nos anos 1980.
Na década de 2000, o Brasil já era o maior produtor e consumidor mundial de substâncias anorexígenas anfetamínicas.
Em 2010, a sibutramina foi suspensa na União Europeia, nos EUA, no Canadá, na Austrália e em países da América Latina (Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia, México e Panamá), após a divulgação do estudo "Scout", que demonstrou que a droga aumenta o risco cardiovascular.
O problema da retirada desses remédios do mercado não é científico. Em grande parte do mundo, médicos tratam a obesidade por meio de dieta, exercícios e mudanças no estilo de vida dos pacientes. Há muitos anos não se usam anfetamínicos e, mais recentemente, sibutramina.
A Anvisa continuará resistindo aos apelos sensatos de quem se orienta pela máxima da medicina -antes de tudo, não causar dano -, ou manterá esse mercado morbígeno, com reprovação da comunidade científica independente?

JOSÉ RUBEN DE ALCÂNTARA BONFIM, médico sanitarista, é coordenador-executivo da Sobravime (Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos)


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