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Artista plástica mexicana transforma quarto em espaço alternativo de arte
Atraída pela despretensão do Bronx, Amezkua, há cinco anos na região, traça roteiro de passeios
DA REPORTAGEM LOCAL
Não só de visitas a museus e
galerias vivem os turistas que
visitam Nova York à procura
de arte. Uma passadinha na casa da artista plástica mexicana
Blanka Amezkua (www.blankaamezkua.com), para quem
estiver nos arredores do
Bronx, cai bem.
Há cinco anos na cidade,
Amezkua segue uma herança
de artistas dos anos 60 e 70,
que consiste em abrir a casa
para exposições de outros artistas. No Blue Bedroom
(www.bronxbbp.com), ela
abre seu quarto e convida visitantes a observarem a influência sofrida pelas obras quando
expostas nesse espaço tão alternativo.
(HELOISA LUPINACCI)
FOLHA - Há quanto tempo você
mora no Bronx?
BLANKA AMEZKUA - Há três anos.
FOLHA - Por que você mora aí?
AMEZKUA - Eu arrumei um emprego como professora de arte
em Hunts Point e estava procurando um lugar para morar.
Não queria ir a Williamsburg
ou Bushwick, que estão na moda entre artistas e são caros.
Além disso, queria morar em
um lugar que tivesse uma comunidade tangível. O Bronx
não é pretensioso. O lugar em
que vivo, Mott Haven, é uma
seção pobre, da classe trabalhadora, e é mais barato do que
outras partes de Nova York.
FOLHA - Quais são as peculiaridades da área em que você vive?
AMEZKUA - Mott Haven é a porta sul do Bronx. A população é
basicamente afro-americana,
porto-riquenha e mexicana.
Há também russos e albaneses, pessoas do sudeste asiático e da América Latina. Meus
vizinhos são jamaicanos, porto-riquenhos e afro-americanos. Eu moro em um local histórico, a avenida Alexander,
que era conhecida como "fileira dos doutores" e "5ª avenida
irlandesa" na virada no século
passado, quando os filhos dos
metalúrgicos prosperaram.
Muitos edifícios ao redor do
prédio em que moro estão sendo restaurados. Seguindo para
o norte na Alexander, há prédios de tijolo e a rua está sempre cheia de gente. Moro perto
da biblioteca pública de Mott
Have e sempre ouço as pessoas
subindo e descendo a rua. Elas
cantam, conversam, discutem
e riem enquanto vão para o
trabalho e voltam para casa. É
uma avenida muito melódica.
FOLHA - Como você criou o projeto
Blue Bedroom?
AMEZKUA - Eu perdi um sobrinho de nove anos em um acidente de carro e passei um
tempo com a minha família na
Califórnia. Voltei com uma
sensação de urgência. Foi
quando pensei em fazer do
meu quarto uma galeria de arte. O projeto foi alimentado
pela herança de artistas dos
anos 1960 e 1970 que abriram
casas e ateliês para a exposição
de obras de outras pessoas. Eu
fiquei entusiasmada para ver
como os artistas iam ocupar o
meu quarto, como os visitantes iam se sentir, como essa experiência afetaria a mim e as
pessoas. O projeto não é uma
galeria, mas um espaço alternativo de arte. Eu não sou uma
galerista, mas uma artista que
que quer dividir a experiência
criativa com outros artistas
em meu quarto.
FOLHA - Para onde você levaria um
turista no Bronx?
AMEZKUA - O levaria para caminhar pelo bulevar Bruckner
e para ver a galeria Haven, o
novo espaço do Bronx Museum. Depois, tomaríamos
cerveja em algum bar do bulevar Bruckner. Voltaríamos à
avenida Alexander, para visitar a biblioteca e o projeto Blue
Bedroom. Depois, levaria o
meu hóspede para o "HUB",
uma área onde quatro vias se
encontram: a rua East 149th e
as avenidas Willis, Melrose e
3rd. Seguiríamos para o oeste
na East 149th para fazer um
lanche no Cuchifritos, de comida caribenha, e iríamos até
o Grand Concourse, o principal bulevar do Bronx. Faríamos uma parada na galeria de
arte Longwood. Mas isso só
cobriria a parte sul. Há tanto
mais para ver por aqui, Wave
Hill, o estádio dos Yankees, o
Bronx Museum, o teatro Paradise, a av. Arthur, o rio Bronx...
FOLHA - Você diria a uma pessoa
que viaja para Nova York pela primeira vez que visitasse a região?
AMEZKUA - Se ela for ficar mais
de uma semana, sim! Definitivamente! Mas, menos que isso,
é difícil para qualquer um sair
de Manhattan, porque ali estão coisas tão importantes.
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