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Costa já era movimentada no século 16
DO ENVIADO ESPECIAL
A biografia de José Adorno
sugere que a Baixada Santista -Santos, e, por extensão, o
Guarujá- era habitada por
estrangeiros já no século 16.
Nesse século em que o alemão Hans Staden quase foi
comido por canibais, há notícias de inúmeros personagens europeus por ali. O próprio Staden, que trabalhava
armando de pólvora os arcabuzes do forte de São Felipe,
veio duas vezes à região.
Pouco lembrado, talvez
por não ser português e, sim,
genovês, José Adorno veio ao
Brasil na esquadra de Martim Afonso de Sousa acompanhado de seus irmãos
Francisco, Rafael e Paulo.
De família possivelmente
nobre, José Adorno, que chegou em 1532, foi dono de vastas áreas nesse litoral. Estabelecido em São Vicente,
membro da armada da capitania hereditária, logo mudou para o local onde surgiria Santos, fundando ali um
engenho para moer cana.
Na época em que o português Brás Cubas fundou oficialmente Santos, lusitanos
eram os donos do poder: Domingos Pires, Paschoal Fernandes e Luís de Góes. Mas,
apesar de genovês, José
Adorno também integrava a
elite -e se casou com a fidalga Catharina Monteiro.
Fundou a Santa Casa de
Misericórdia e, em 1560, na
qualidade de seu provedor,
depôs no processo contra o
francês calvinista Jean de
Bolés, que, refugiado na Baixada Santista, foi preso por
ordem do Santo Ofício.
Atuou em 1563 contra os
índios tamoios e, ligado à
Companhia de Jesus, ajudou
os padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, este
nascido nas ilhas Canárias.
Adorno foi diversas vezes
até o Rio de Janeiro, que viu
fundar, em 1567, e onde havia auxiliado Estácio de Sá no
combate às tropas invasoras
francesas lideradas por Villegaignon, aliado dos tamoios.
Na região do Guarujá, fundou a igreja de Santo Amaro,
que mudou o nome da ilha.
Não se sabe com quantos
anos ele morreu; há relatos
de que teria vivido cem anos,
mas é possível que seu nome
se confunda com o de seus
descendentes. Se é fato que
foi tão longevo, José Adorno,
em pessoa, ajudou a expulsar
o invasor inglês Edward Fenton, que tentou invadir Santos, em 1583. Presume-se
ainda que tenha doado, em
1603, uma área a religiosos
que edificaram a capela da
Graça, cuja escritura foi destruída pelos piratas liderados por outro inglês, Thomas
Cavendish, em 1591.
Documentos dessa época,
como a carta do capitão-de-armada André Equino, registram a presença de ingleses,
holandeses e italianos em
Santos e na capitania de São
Vicente, bem como também
de oficiais gregos, espanhóis
e franceses, que patrulhavam a área.
(SILVIO CIOFFI)
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