|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A BOLA DA VEZ
Busca por animais na mata fechada pode ser demorada, porém contato com a vida selvagem impressiona
Safári exige paciência, mas compensa
DA ENVIADA ESPECIAL
O safári fotográfico no parque Hluhluwe-Umfolozi, em
Kwazulu-Natal, tem um ritmo
algo parecido com o de uma
pescaria: é preciso ter certa paciência até avistar um animal
no parque de 96 mil hectares e
vegetação densa, mas, quando o
momento da ação chega, a espera compensa.
Os safáris em veículos 4x4
duram três horas e têm início
ao amanhecer e ao pôr-do-sol.
Na saída ao anoitecer, o primeiro animal a aparecer é uma das
várias girafas do parque. Tímida, ela some entre as árvores
assim que o veículo se aproxima. Após cerca de meia hora
sem novidades, já na noite fechada, o guia do safári pára
bruscamente o veículo após
avistar sinais de elefantes nas
proximidades.
Com uma espécie de holofote
usado como lanterna, ele prova
que estava certo: ao lado da estrada estão dois elefantes se alimentando. Um deles protagoniza o momento mais marcante
do passeio: atrás de raízes, ele
derruba uma grande árvore
com a cabeça em minutos.
Após o show do elefante,
mais calmaria. O frio incomoda
-sim, é preciso levar roupas de
inverno para o safári. Enquanto
os passageiros tentam se esquentar, o guia ilumina um animal ao lado da estrada. É uma
hiena, aparentemente descansando após uma lauta refeição.
Com a barriga estufada, ela
não se move com a aproximação dos visitantes, e só decide
deixar o local após passar minutos sendo iluminada pelo holofote do guia e pelos flashes
das câmeras.
O resto do safári revela silhuetas de girafas ao longe e búfalos pastando. Avistamos dois
dos chamados "big five" (cinco
grandes), os cinco animais mais
procurados nos safáris: búfalo,
leão, leopardo, elefante e rinoceronte.
O parque nacional Hluhluwe-Umlofozi é considerado o
mais antigo da África do Sul,
originado da criação de duas reservas em 1895, Hluhluwe e
Umfolozi. Após a adição de
uma faixa de terra entre as duas
reservas em 1950, o parque foi
consolidado em 1989.
O local é conhecido pela chamada "Operation Rhino" (operação rinoceronte), esforço de
preservação do rinoceronte
branco na década de 60 com a
transferência de animais para
outras reservas. Com isso, a população aumentou, e o rinoceronte branco foi removido da
lista de espécies ameaçadas.
Além de rinocerontes brancos e pretos (este último hoje
em dia na lista de espécies em
perigo), o parque abriga uma
grande variedade de animais:
80 espécies de mamíferos e
mais de 300 tipos de pássaros
ao todo.
Opções
Safáris fotográficos são um
grande atrativo turístico da
África do Sul, e a oferta corresponde à demanda. São diversas
opções em parques nacionais e
reservas privadas espalhadas
por grande parte do país.
A escolha do local mais adequado depende da vocação do
turista e do alcance de seu bolso: é possível ver de perto a vida
selvagem ficando nos hotéis de
luxo de reservas privadas como
a Sabi Sabi e a MalaMala, ambas na região do parque Kruger,
ou encarnar o espírito de aventura e se hospedar nos parques,
onde há menos conforto, mas o
preço é mais em conta.
Não espere muito luxo no
Hilltop Camp, um dos centros
de hospedagem do Hluhluwe-Umfolozi. Os chalés para duas
pessoas são espaçosos, com varandas, mas a conservação deixa muito a desejar- no chalé
visitado pela reportagem da
Folha, um forte cheiro de mofo
se misturava ao odor da palha
do telhado, tornando o ambiente sufocante. Os dois chuveiros
não tinham água quente.
Atrás dos felinos
No safári que começa com o
nascer do sol, o guia avisa que
tentará encontrar algum dos
grandes felinos, já que nenhum
foi avistado no passeio da noite
anterior. Quem agita as máquinas fotográficas, no entanto,
são novamente as girafas -desta vez mais curiosas e pacientes
com os turistas- e uma manada de zebras-de-burchell pastando em um barranco.
Alguns quilômetros depois, o
guia avista rinocerontes brancos, mas mantém o veículo em
distância segura. Mais um dos
esperados "big five".
Mas o passeio termina e nada
de leões ou leopardos - assim
como na pescaria, sorte é um
elemento importante também
nos safáris fotográficos.
(MARINA DELLA VALLE)
HLUHLUWE-IMFOLOZI
A 30 km da N2, KwaZulu-Natal. Tel.
00/xx/27/33/845-1000. Taxa de
conservação: 80 rands (R$ 16,10,
adulto) e 40 rands ( R$ 8,02, crianças de 3 a 12 anos). Hilltop Camp:
chalés que acomodam duas e quatro pessoas (510 rands ou R$
102,27 por pessoa por noite) e lodge que acomoda oito pessoas (550
rands ou R$ 110,30 por pessoa por
cada noite)
www.kznwildlife.com
Texto Anterior: Cave põe KwaZulu-Natal no mapa enológico sul-africano Próximo Texto: A bola da vez: Drakensberg encerra anfiteatro insólito Índice
|