São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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SEXO INSEGURO

Para eles, as emissoras estimulam a sexualidade sem alertar para os riscos de contaminação, principalmente entre jovens

Especialistas em Aids criticam a programação

MARCELO BORTOLOTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apesar das programações especiais em datas como o Dia Internacional de Combate à Aids, celebrado hoje, especialistas acham que as emissoras brasileiras ainda não possuem uma política responsável de prevenção à doença. De acordo com eles, a maioria dos canais estimula a sexualidade sem o cuidado de alertar para os riscos da contaminação pelo vírus HIV.
Para Antônio Carlos Egypto, coordenador do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual, os adolescentes recebem mensagens eróticas maciças, e a dramaturgia televisiva poderia colaborar com as campanhas de prevenção.
"A Aids é um fato da nossa época. Quem tem uma vida sexual ativa deve se prevenir, e isso deveria ser passado por meio dos personagens", diz.
Egypto acha que os "reality shows" e os programas de auditório reforçam a importância do corpo perfeito e geram um excesso de estímulo sexual.
"Falta uma preocupação sistemática das emissoras. Além disso, as campanhas do governo também não são constantes, aparecem apenas em épocas como o Carnaval e ficam muito tempo fora do ar", afirma.
Alexandre Grangeiro, do Conselho Nacional de DST e Aids, avalia que, além de incorporar essa temática durante a programação, as emissoras deveriam oferecer mais facilidades comerciais à veiculação das campanhas.
"Os comerciais de utilidade pública deveriam ter preços de inserção mais baratos. Hoje nós pagamos o mesmo que qualquer cervejaria, por exemplo. E a quantidade de veiculações gratuitas também é baixa", diz.
Grangeiro chama a atenção ainda para programas que trazem mensagens estereotipadas e discriminatórias sobre homossexuais. Ou mesmo os que colocam a mulher numa posição submissa e podem causar distorções que geram grandes reflexos na hora da prevenção.
"Um comercial de um minuto é muito pouco diante de uma novela", diz o psicólogo Fernando Falabella, do Núcleo de Estudos e Temas em Psicologia.


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