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E AGORA, DOUTOR?
Motorista volta a se habituar com o risco, diz psiquiatra
DA REDAÇÃO
"Quando alguém se expõe a
um nível de estresse contínuo,
há extinção da resposta emocional", afirma o psiquiatra
Márcio Bernik, 41, especialista
em transtornos de ansiedade
da Faculdade de Medicina da
USP e do Hospital das Clínicas.
Caso o motorista habituado a
usar um blindado volte a circular em um veículo sem proteção, segundo ele, vai sofrer por algum tempo, mas depois voltará a se acostumar à situação
de risco. Bernik explica que o
termo dependência, tecnicamente, deve ser usado para se
referir a substâncias químicas.
A reação de um consumidor
que adquire um automóvel
blindado é explicada pelo especialista como uma escolha, a de
não enfrentar o medo. "Ao optar pelo conforto pessoal, a única coisa que acontece é perder
essa habituação", esclarece.
"Se é uma coisa impeditiva,
em que há um prejuízo funcional, você caracteriza uma fobia.
Mas é preciso analisar caso a
caso", afirma o psiquiatra.
"Mesmo que haja um estado
de sofrimento e desconforto, a
pessoa vai se acostumar de novo [ao carro sem blindagem]",
concorda a psicóloga Cecilia
Bellina, 43, especializada em
comportamento de motoristas.
"A gente se habitua rapidamente com o que dá segurança.
Claro que é difícil tirar", diz.
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