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Moto polui até seis vezes mais que carro
Norma que vai limitar emissão de poluentes será mais branda para modelos de baixa cilindrada
FELIPE NÓBREGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No Dia Mundial Sem Carro
(22 de setembro), há quem
deixe o automóvel na garagem
e saia de moto para contribuir
com um ar mais limpo.
Grande parte das motos nacionais, porém, polui até seis
vezes mais do que um carro
novo, alerta Homero Carvalho, gerente de engenharia e
fiscalização da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Para frear o ímpeto poluidor, a partir de 1º de janeiro de
2009 toda moto zero-quilômetro vendida no país terá de
respeitar novos limites de
emissões, baseados na norma
ambiental européia Euro 3.
Carros e motos poderão liberar até 2 g/km de monóxido
de carbono. O limite para
emissão de hidrocarbonetos,
que são cancerígenos, é mais
brando para motos de até 150
cm3 -79% do mercado.
Serão 0,8 g/km, quase três
vezes mais que o permitido
para automóveis e motocicletas de maior cilindrada.
Aumento de custos
Isso porque soluções para
emitir menos poluentes, como
a injeção eletrônica, elevam o
preço de uma moto "popular"
em até 30%, lembra Edson Esteves, professor de mecânica
automobilística da FEI (Fundação Educacional Inaciana).
Instalar catalisadores mais
eficientes também é oneroso,
segundo Sérgio Ribaric, professor de mecânica de motocicletas na Radial Cursos. E tende a limitar a potência.
"O catalisador prejudica o
desempenho do motor, pois
funciona como uma tampa
que filtra e reduz a saída direta
dos gases do escapamento",
explica Vicenzo Testini, diretor da unidade de escapamentos da Magneti Marelli.
Para suprir essa perda, seria
necessário investir em coletores de escape de aço inox, que
mantêm a temperatura dos
gases mais quentes e otimizam a filtragem do catalisador.
Alfredo Guedes, engenheiro
da Honda, não descarta catalisadores poderosos em motos
pequenas. "O impacto da injeção eletrônica [no preço] é
grande nesse segmento."
O consultor Carlos Louzada,
da TBM Consulting, avalia que
é remota a possibilidade de
os fabricantes não repassarem
ao consumidor os custos extras de produção. "A margem
de lucro nesse ramo já está
próxima do limite."
Muitos fabricantes, a cinco
meses do limite, não anunciaram suas alternativas. Mas
modelos como a Honda Shadow 750 (R$ 29.890) e a Yamaha Fazer 250 (R$ 10.353),
ambos com injeção eletrônica
e catalisador, anteciparam-se
às novas normas do Promot e
respiram aliviados.
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