Sobe o número de ensino superior a distância
no Brasil
Uma
das maiores novidades do Censo da Educação Superior
2007, divulgado nesta segunda-feira, 2, foi o crescimento
considerável dos cursos de graduação
a distância e dos tecnológicos. As graduações
a distância, que em 2002 eram 46 em todo o País,
alcançaram 408 em 2007. De 20,7 mil alunos, passou
a 302,5 mil. "Hoje 7% dos ingressantes no ensino superior
estão no ensino a distância. Já não
é um número insignificante", diz Fernandes.
"A área estava crescendo rápido demais,
a ponto de a Secretaria de Ensino a Distância ter resolvido
intervir."
No final do ano passado, o Ministério da Educação
decidiu reduzir o tamanho de quatro instituições
de ensino a distância do País por problemas na
qualidade do atendimento depois de um processo de supervisão.
O próprio Exame Nacional de Desempenho do Estudante
(Enade), que embasa parte da avaliação dos cursos,
deverá passar por modificações para atender
a análise dos cursos a distância. "No ano
que vem já teremos boa parte desses cursos com as primeiras
turmas de formandos", explica Fernandes.
Para o presidente do sindicato das
mantenedoras de estabelecimentos de ensino superior de São
Paulo, Hermes Figueiredo, essas primeiras avaliações
podem trazer desilusões. "É preciso um
perfil de aluno muito específico para a graduação
a distância, quase um autodidata. Houve uma euforia
momentânea que tende a estabilizar." O consultor
Carlos Monteiro ressalta que a tendência de crescimento
desse tipo de curso é mundial. "Os números
em todo o mundo são mega, tanto as taxas de crescimento
quanto as de evasão e inadimplência", diz.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep),
responsável pelo censo, também informou que
o levantamento vai mudar a partir deste ano. Segundo o presidente
do Inep, Reynaldo Fernandes, as instituições
agora terão de registrar seus dados - número
de alunos e professores - com nome, sobrenome e um documento.
Até hoje, elas mandavam apenas a quantidade de estudantes
e docentes, sem necessidade de comprovação.
"Os números vão ficar mais precisos. Hoje
a instituição diz que tem três alunos,
por exemplo, e não há como checar", diz
Fernandes. O sistema será o mesmo que já está
sendo usado no Censo da Educação Básica,
chamado de Educacenso. Todos os dados são enviados
pela internet.
Desde 1994, o número de instituições
- assim como o de cursos - vem crescendo aceleradamente. A
única exceção foi 1997, ano em que o
Ministério da Educação, pela primeira
vez, modificou as regras de credenciamento e autorização
de funcionamento das instituições e o número
caiu 2,7%. Atualmente, das 2.281 instituições,
2.032 são particulares.
O ritmo de novos ingressos nas particulares
também caiu. Entre 2002 e 2003, o aumento de vagas
foi de 7,7%; de 2006 a 2007 - só 2,8%. Já nas
federais, a matrícula cresceu 6,8% em 2007, apesar
de ter sido criada apenas uma instituição naquele
ano - a maior parte das federais criadas no atual governo
entrou em funcionamento em 2004 e 2006.
Tecnológicos
Os cursos tecnológicos
(de curta duração) tiveram grande crescimento.
De apenas 636 em 2002, passaram a 3.702. "O Brasil finalmente
está se enquadrando na tendência mundial. Os
países que se tornaram potências são os
que investiram no ensino tecnológico", diz Monteiro.
Para os especialistas, o baixo crescimento no número
de instituições é reflexo da própria
autorregulamentação do mercado. "Hoje para
cada vaga oferecida há uma não preenchida",
afirma Monteiro. "Isso só vai mudar se forem criados
mais mecanismos de financiamento, pois o motor desse mercado
é a classe C ."
Lisandra Paraguassú,
Renata Cafardo e Karina Toledo O Estado de S. Paulo