Se
os pobres pensassem como os ricos e soubessem enxergar melhor
a relação entre prosperidade individual e qualidade
de ensino, a lista do Enem, divulgada quinta-feira passada,
geraria uma gritaria em todo o país.
Olhando um detalhe da mais recente pesquisa Datafolha sobre
as principais preocupações dos brasileiros,
encontramos o início do círculo vicioso da ignorância.
As três principais preocupações são,
pela ordem, saúde, desemprego e violência. Quando
levamos em conta a escolaridade e a renda do entrevistado,
essa ordem muda. Para os mais ricos e com ensino superior,
a educação está em segundo lugar (19%),
depois da saúde (24%). Em terceiro, ficaria a violência
(13%) e, em quarto, com muita distância, o desemprego
(9%).
Para os mais pobres e com menos escolaridade, a educação
é um problema menor; aliás, quase não
é um problema. Apenas 3% dos brasileiros com ensino
fundamental apontariam a educação como o mais
importante problema nacional.
A tradução desses números é a
seguinte: o rico, que coloca o filho na escola particular,
está muito mais preocupado com a educação
do que o pobre, que matricula o filho numa escola pública.
Não é à toa que o governo tem de quase
subornar as famílias mais carentes para que deixem
seu filho estudando.
Trecho da coluna Renascidos das cinzas.
Leia a coluna na íntegra.
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