Projeto
faz parte de estratégia da UE de reduzir dependência
de petróleo e diminuir a poluição
Os países da Europa serão obrigados a contar
com pelo menos 10% de sua frota de carros movida a álcool
até 2020. O projeto, anunciado ontem por 27 países,
faz parte de uma ampla estratégia energética
da União Européia (UE) destinada a reduzir a
dependência em relação ao fornecimento
de gás do exterior e diminuir as emissões de
gases poluentes. A estratégia foi anunciada em meio
à crise vivida pela UE diante das ameaças e
cortes de fornecimento de gás da Rússia ao continente
europeu.
Segundo o documento, os governos europeus reduziriam em pelo
menos 20% as emissões de gases que causam o aquecimento
global até 2020, em comparação com os
níveis de 1990. A UE ainda estabeleceu como prioridade
o aumento de 20% da eficiência no consumo de energia,
além do uso de 20% de energia renováveis. Tudo
para conseguir evitar que a temperatura da Terra não
suba mais de 2 graus em comparação com a Era
Pré-Industrial.
Outra medida tomada foi a de diversificar a fonte de abastecimento
de petróleo e gás. Hoje o continente praticamente
depende do gás russo, o que está provocando
crises mais sérias a cada inverno.
Nesta semana, Moscou fechou a torneira depois de não
conseguir um acordo com a Bielo-Rússia, por onde passa
o gás que abastece 20% da Alemanha. Cada vez mais vulnerável,
a Europa tem como objetivo ampliar compras da Noruega, norte
da África e Ásia Central.
No que se refere ao etanol, o novo combustível passa
a ser 'prioridade política' da UE. 'Hoje, os biocombustíveis
são as únicas formas de reduzir a dependência
ao petróleo de forma significativa nos transportes',
diz o documento. A meta é conseguir que os países
tenham pelo menos 10% das frotas movidas a etanol até
2020.
Em 2003, os europeus haviam estabelecido metas para o etanol,
mas elas não eram obrigatórias e os países
não adotaram o plano que previa a substituição
do petróleo por álcool até 2010 em 5,7%.
A média hoje é de 1% no bloco, e isso graças
aos alemães, que têm 3,7% dos transportes movido
a etanol. A maioria dos países têm taxa abaixo
de 0,8%.
Agora, não apenas as metas da UE são obrigatórias
como Bruxelas autorizou os governos a dar incentivos fiscais
aos produtores. Na França, a possibilidade de corte
de impostos está tornando o etanol 30% mais barato
que a gasolina nos postos desde o dia 1º.
A insistência dos europeus pelo etanol tem duas explicações.
A primeira é a necessidade da Europa de cortar suas
emissões de gás CO2. O setor de transporte depende
em 98% do petróleo e produz 30% das emissões
de gás do continente. Outro fator é que o novo
setor criaria empregos e daria trabalho ao produtores agrícolas,
que em breve devem perder seus milionários subsídios.
Boa Notícia
Em Bruxelas, especialistas apontam que até
2020 o bloco precisará importar etanol do Brasil para
cumprir a meta estabelecida. 'É uma boa notícia
aos produtores brasileiros', afirmou um representante da Comissão
Européia, que garante que o tema das exportações
brasileiras estará em todas as agendas entre o bloco
e Brasília nos próximos anos.
Mas, se a meta européia favorece as exportações
nacionais, Bruxelas também reserva aos países
emergentes, como o Brasil, um papel para a conservação
do meio ambiente. Pela proposta, países em desenvolvimento
teriam de 'diminuir o ritmo de emissão de gases assim
que possível e, a partir de 2020, reduzir de fato o
volume de gases lançados na atmosfera'.
Até hoje, os acordos internacionais sobre clima evitavam
exigir de emergentes corte de emissões, já que
grande parte do problema vinha dos países ricos que,
por décadas, adotaram práticas pouco adequadas
ao meio ambiente.
Para o presidente da Comissão Européia, José
Manuel Barroso, o bloco 'deve conduzir o mundo' em direção
a uma 'revolução pós-industrial e ao
desenvolvimento de uma economia com baixo uso de carbono'.
Bruxelas, porém, foi atacada por ativistas, que ainda
consideram baixas as metas de corte de emissões.
Jamil Chade
As informações são do jornal O Estado
de S.Paulo.
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