Caso
de falsificação de documentos ameaça
principal executivo da empresa
A Apple deverá descobrir que seu ativo mais valioso
é uma coisa que a empresa não consegue proteger
por meio de patentes ou da confidencialidade: seu principal
executivo e fundador, Steve Jobs.
Se Jobs deixasse a empresa, as ações da Apple
cairiam 25% ou mais, dizem analistas. Isso ceifaria cerca
de US$ 20 bilhões do valor de mercado da Apple.
"Seria uma catástrofe", disse Gene Munster,
analista da Piper Jaffray & Cos., que mantém a
classificação de ""acima da média
do mercado" para as ações da Apple desde
junho de 2004. "Seria quase impossível substituí-lo",
afirmou.
A dependência da fabricante de computadores em relação
a seu principal executivo foi ilustrada pelos acontecimentos
da última semana de dezembro passado, quando os papéis
da Apple chegaram a cair até 5,8% após a publicação
"The Recorder" ter noticiado que a empresa falsificara
documentos para antedatar opções de ações.
Em 29 de dezembro, a companhia disse que sua própria
investigação, encabeçada por um diretor,
o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, eximiu Jobs de qualquer
delito. Isso atenuou as preocupações de que
Jobs poderia ter de deixar o cargo e fez com que as ações
registrassem alta de 4,9%.
O relatório de Gore, porém, pode não
ser suficiente para absolver Jobs aos olhos das autoridades
reguladoras e do Departamento de Justiça, disse James
Post, professor da Universidade de Boston.
Jobs pode estar mais estreitamente vinculado às perspectivas
da Apple do que qualquer outro principal executivo arrolado
entre os 500 maiores pela revista "Fortune", disse
Charlie Wolf, analista da Needham & Co. Inc. O valor da
Apple pode cair em até um terço se Jobs deixar
a empresa, disse.
"Ele tem a percepção mais apurada do mundo
quando se trata de definir não apenas o design mas
os recursos que vão atrair o maior número de
pessoas", disse Wolf.
Nos últimos cinco anos, Jobs, 51, consolidou sua imagem
de principal estilista tecnológico do mercado com o
iPod, que se tornou o aparelho mais vendido nos EUA. E transformou
os sisudos lançamentos de produtos em eventos badalados.
Connie Guglielmo
Da Bloomberg
Notícia publicada na Folha de S.Paulo
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