Como
muitas companhias nos EUA, a Pella está procurando
cortar despesas devido ao desaquecimento econômico.
Mas, em vez de demitir mais trabalhadores, a fabricante de
janelas e portas de Iowa está instituindo uma semana
de trabalho de quatro dias para aproximadamente um terço
de seus 3,9 mil empregados.
Chris Simpson, vice-presidente sênior
da empresa, admite ser uma medida heterodoxa. Mas ele acredita
que a economia poderá retomar impulso mais rapidamente
do que a maioria das pessoas prevê, e não quer
ser surpreendido com escassez de trabalhadores experientes.
"Nosso argumento é que a confiança do consumidor
reagirá", diz Simpson. "Se houver um pacote
de estímulo de algum tipo [por parte do governo], acreditamos
que as pessoas irão reagir."
Alguns empregadores estão imitando a iniciativa da
Pella e encurtando a semana de trabalho. Entre eles estão
siderúrgicas, como a AK Steel, a Prefeitura de Atlanta,
pequenos jornais e hospitais. Segundo o Birô de Estatísticas
do Trabalho dos EUA, o número de empregados que normalmente
trabalham em tempo integral mas que hoje cumprem jornada semanal
de 35 horas devido à recessão, cresceu 72%,
para 2,57 milhões, em novembro, contra 1,49 milhão
em novembro de 2007.
"Mais empresas estão explorando alternativas a
cortes de pessoal", diz John A. Challenger, executivo-chefe
da consultoria Challenger, Gray & Christmas. "Se
puderem manter as pessoas empre-gadas até que os negócios
voltem a melhorar, a companhia estará em muito melhor
forma para acelerar rapidamente suas atividades."
Em Atlanta, a prefeita Shirley Franklin está reduzindo
em 10% as horas trabalhadas e a remuneração
de 4,6 mil funcionários da Prefeitura porque a cidade
está vivendo um déficit orçamentário
de US$ 50 milhões. Franklin diz que, se fosse demitir
mais funcionários, em vez de reduzir horas de trabalho,
"teria de eliminar importantes funções
do governo. Não são apenas postos de trabalho
que salvamos, são os serviços".
Muitas empresas americanas do setor de informática
estão paralisando suas atividades alguns dias a mais
neste período de festas de fim de ano. Pela primeira
vez, a Dell, fabricante de PCs, está permitindo que
os funcionários folguem até cinco dias sem remuneração
durante o período de fim de ano. Alguns analistas acreditam
que essas paralisações no Vale do Silício
evoluirão para semanas de trabalho de quatro dias.
"Nossos contatos estão dizendo [que semanas curtas]
começarão a ser praticadas em janeiro",
diz Trip Chowdhry, analista da Global Equities Research.
A maioria dos empregados prefere uma redução
nas horas a ser demitidos. Mas os trabalhadores dizem que,
de todo modo, há custos. Connie Davis, uma funcionária
da Pella diz que planeja cortar seus gastos com determinados
produtos alimentícios quando a semana de trabalho de
quatro dias entrar em vigor, em janeiro. "Como qualquer
pessoa que está contando os centavos, vou apertar meu
cinto um pouquinho", diz ela.