Empresa
já iniciou os testes nos EUA; produto deve chegar ao
mercado em dois anos
A Boeing e a Nasa estão recorrendo à tecnologia
brasileira e testando um biocombustivel produzido no País,
para ser usado em larga escala na aviação comercial.
A previsão é que o biocombustível fabricado
pela Tecbio, de Fortaleza, esteja no mercado em dois anos,
pronto para abastecer aviões a jato em todo o mundo.
A Tecbio, empresa fornecedora de equipamentos para usinas
de biodiesel, assinou neste mês o contrato para a segunda
fase de testes do biocombustível com a Boeing, que
tem, por sua vez, outro contrato de colaboração
científica com a Nasa. O objetivo das parcerias é
encontrar no biocombustivel brasileiro a solução
para substituir o querosene produzido a partir do petróleo.
Por enquanto, um volume não revelado do bioquerosene
fabricado no Brasil é enviado para os Estados Unidos,
onde aciona turbinas da Boeing em um laboratório e
passa por testes com técnicos da Nasa.
“A tecnologia é nossa, da Tecbio, que fabrica
o biocombustível. A Boeing faz os testes de aplicação
prática da tecnologia na aviação, como,
por exemplo, os testes em turbinas. Por enquanto, os testes
são feitos em laboratório e depois serão
em campo. Já a Nasa faz os testes de questões
científicas, verificando o grau de corrosão,
o impacto sobre o meio ambiente e a capacidade de combustão”,
explica o presidente da Tecbio, Expedito José de Sá
Parente.
Segundo ele, os testes feitos na primeira fase do contrato,
que durou oito meses, foram de “boa apresentação
e bons resultados parciais”, o que, segundo ele, leva
a crer que é possível que o novo combustível
esteja no mercado dentro de dois anos.
De acordo com Parente, o bioquerosene é fabricado
a partir de óleos vegetais de baixo peso molecular,
como os extraídos do babaçu. Segundo Parente,
o acordo de confidencialidade assinado com a Boeing o impede
de revelar números e informações sobre
valores do contrato, que prevê renovações
a cada seis meses.
Mas a parceria com a Boeing, diz Parente, não prevê
qualquer exclusividade para a multinacional, seja para a fabricação,
a venda ou a distribuição do bioquerosene, quando
o produto estiver homologado.
“A parceria foi feita para estudos e testes, para encontrar
um biocombustível que possa ser usado nos aviões,
inclusive naqueles que começam a ser fabricados agora
e tem vida útil de 30 anos, quando o uso de querosene
fóssil estará enfrentando sérios obstáculos.
É um projeto para contribuir para a transição
do mundo pós-petróleo.”
Segundo Parente, ainda é cedo para saber se o bioquerosene
será usado puro ou misturado aos combustíveis
fósseis.
Chico Siqueira
O Estado de S.Paulo
|