A eleição
revela tendências que vieram para ficar: a sociedade
está mais exigente, articulada e bem informada, os
truques de marketing vêm sendo amenizados pelos argumentos
racionais, os candidatos foram obrigados a se preparar melhor
para não se emparelharem com os "nanicos",
donos de legendas de aluguel.
Isso é apenas conseqüência da maior vivência
democrática, do aumento da escolaridade da população
e da evolução da mídia na cobertura de
temas locais.
Não há registro de uma eleição
paulistana em que o debate sobre os problemas da cidade e
suas possíveis soluções se tenha alastrado
tanto, transformado em conversa empolgada do mais simples
botequim da zona leste aos bares dos Jardins. Fala-se do acerto
e de erros de projetos educacionais, de saúde ou de
transporte.
Evidentemente, não deixaram de existir as propostas
demagógicas, irreais, nem mesmo as mentiras e as baixarias
dos ataques ou manipulações. Mas já não
está tão fácil apostar tanto -pelo menos
na cidade de São Paulo- na ignorância do eleitorado.
Afinal, 46% da população empregada tem diploma
de ensino médio ou superior.
A escolaridade dos habitantes de São Paulo não
pára de crescer pelo simples fato de que o mercado
de trabalho começa a recusar, até para empregos
simples, trabalhadores apenas com o ensino fundamental completo.
Com o aumento da escolaridade, os eleitores começam
a cobrar dos candidatos a prefeito coisas que está
ao alcance deles fazer. Basta ver que, nessa disputa, fala-se
mais de saúde e educação, responsabilidades
de prefeitos, do que de emprego ou segurança, temas
em que o governador e o presidente têm mais chance de
ação.
O eleitor paulistano já ganhou por um só motivo:
os prefeitos passam e os cidadãos ficam. E o único
meio de fazê-los trabalhar melhor e com mais seriedade
é a articulação comunitária. É
o que estamos vendo, embora ainda engatinhando, na disputa
pela Prefeitura de São Paulo.A boa notícia é
que o eleitor, iludido ou não, quer saber o que o prefeito
consegue fazer para melhorar sua cidade.
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