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Hospital
privado de ponta administrará AMAs com recursos da
prefeitura
Pela primeira vez, o Sírio-Libanês, um dos hospitais
privados mais conceituados do país, assume a direção
de postos de saúde públicos de São Paulo.
Estão sob responsabilidade do Sírio-Libanês
as recém-criadas AMAs (assistências médicas
ambulatoriais) do Jardim Peri Peri, que começou a funcionar
na sexta-feira passada, e da Vila Piauí, que deve ser
aberta nos próximos dias.
As duas AMAs, que fazem parte da rede municipal de saúde,
ficam na região do Butantã, na zona oeste de
São Paulo. Cada uma tem capacidade para receber 250
pacientes por dia.
O Sírio-Libanês não é remunerado
diretamente pelo trabalho nem despende recursos próprios.
O dinheiro que vem da Prefeitura de São Paulo -cerca
de R$ 155 mil por mês para cada AMA- é aplicado
integralmente nos ambulatórios.
A AMA é uma espécie de pronto-socorro voltado
para pacientes com problemas mais simples. O objetivo é
desafogar os hospitais públicos.
Com as duas novas unidades, São Paulo agora tem 102
AMAs. Todas foram construídas pela prefeitura e, depois,
entregues a entidades sem fins lucrativos.
O funcionamento é acompanhado pela prefeitura. Metas
de atendimento precisam ser cumpridas e prestações
de contas devem periodicamente ser feitas. As parcerias podem
ser rompidas a qualquer momento.
Modelo semelhante vem sendo adotado desde 1998 pelo governo
de São Paulo, que já passou 23 hospitais estaduais
para entidades privadas.
O objetivo dessas parcerias, segundo a prefeitura, é
levar a eficiência e a agilidade do setor privado ao
sistema público de saúde. As entidades conveniadas
compram equipamentos sem licitação e contratam
funcionários sem concurso público. Elas também
podem pagar aos médicos salários mais altos
que os da rede pública de saúde.
"Se o médico não vai, eu coloco outro no
lugar. Se o raio-X quebra, mando consertar na hora. Com a
iniciativa privada, a coisa não pára. No sistema
público, não é assim", diz o médico
Gonzalo Vecina, que é um dos diretores do hospital
Sírio-Libanês e foi secretário da Saúde
na gestão Marta (PT).
Para assumir a administração de um hospital
público, um posto de saúde ou um ambulatório,
a entidade privada precisa se encaixar numa série de
exigências, como ser filantrópica e ter experiência
na área.
Esse sistema é criticado principalmente pelas entidades
de classe dos servidores municipais. Eles dizem que se trata
da privatização da saúde pública.
Para o secretário municipal da Saúde de São
Paulo, Januario Montone, as parcerias são uma tendência
do SUS (Sistema Único de Saúde). "O governo
tem de garantir os serviços à população,
mas não tem necessariamente de executá-los."
Ricardo Westin
Folha de S.Paulo
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