Os
preços dos imóveis em São Paulo deram
um salto nos últimos quatro anos, resultado de crédito
mais barato e amplo e de um contexto econômico tranqüilo,
sem inflação galopante.
O bairro da Mooca, na zona leste da
cidade, é um exemplo. Foi o que obteve maior valorização
em preços de imóveis novos entre 2003 e 2007,
segundo dados da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio
(Embraesp).
No período, a média
do metro quadrado na região subiu 78,7% e saltou de
R$ 1.782,75 para R$ 3.185,83.
Veja nos gráficos
abaixo a valorização dos imóveis em SP
e o perfil dos compradores
Gráfico
1: preço dos imóveis
Gráfico
2: o canto de cada um
Os preços dos imóveis começaram a subir
em determinados bairros paulistanos em razão da crescente
procura.
"O aumento do crédito
e o barateamento dos juros reduziram as prestações
do financiamento. A classe média e a alta continuam
elevando o preço dos imóveis pela procura",
afirma o diretor-financeiro da construtora e incorporadora
Camargo Corrêa, Paulo Mazalli.
Além disso, segundo ele, a
demanda das camadas populares por apartamentos e casas mais
baratos está "explosiva".
Na opinião do presidente do
Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação
e Administração de Imóveis Residenciais
e Comerciais de São Paulo (Secovi), João Crestana,
o fim da inflação elevada foi um grande marco
para o mercado imobiliário, pois possibilitou a queda
dos juros e fez com que a sociedade encarasse com mais coragem
os financiamentos.
"A inflação era o grande problema, porque
imóvel precisa quase sempre de financiamento, e os
juros elevados não permitem isso. A partir de 1994,
o país também começou a recuperar os
instrumentos legais que protegem a habitação,
como a alienação fiduciária, e isso ajudou
muito", diz.
A alienação fiduciária
permite que o vendedor ou financiador do imóvel detenha
a propriedade até o momento de quitação
total da dívida pelo mutuário. Essa nova lei
trouxe maior segurança aos bancos, que passaram a emprestar
mais dinheiro.
Segundo o presidente do Conselho Federal
dos Corretores de Imóveis (Cofeci), João Teodoro,
o sentimento geral do setor da construção civil
é de otimismo.
"Todas as perspectivas estão
se concretizando, com um volume significativo de vendas e
procura aquecida", afirma.
Segundo o proprietário da imobiliária
Frema, José Roberto Federighi, quanto mais próximo
for um bairro de comércio e serviços, além
da arborização do local e tranqüilidade
em termos de segurança, mais moradores ele deverá
ter.
É interessante notar que, de
2003 a 2007, entre as 10 áreas da cidade de São
Paulo que mostraram maior aumento no preço do metro
quadrado dos imóveis, apenas o Brooklin e a Vila Leopoldina
não contam com estações de Metrô
nas proximidades, embora existam linhas de trem que atendam
a região.
No caso de Mooca, Tatuapé e
Jardim Anália Franco, todos são servidos pela
linha 3 (vermelha) do Metrô. Santana é atendido
pela linha 1 (azul), e Pompéia, Perdizes, Lapa e Vila
Romana estão bem próximos à linha 2 (verde).
Perto do Centro
O sucesso de um bairro tem muita ligação com
a sua vizinhança.
Na opinião do gerente comercial
da construtora Rossi Residencial, Klausner Monteiro, todos
os imóveis recém-lançados na Mooca sempre
vendem rápido, pois as pessoas gostam de morar na região
principalmente devido à proximidade com o centro da
cidade.
"Hoje, se você tiver a
receita de boa localização, bom produto e preço
atrativo, com certeza a vende será sempre veloz",
afirma.
Na Vila Leopoldina, localizada na
zona oeste da cidade, o avanço nos preços também
foi expressivo —foi o segundo bairro mais valorizado
entre 2003 e 2007.
No período, o valor médio
do metro quadrado na região teve alta de 74% e passou
de R$ 1.953,49 para R$ 3.398,50.
Antes havia muitas indústrias
e galpões de armazenagem, o que criou espaço
amplo hoje para prédios de médio e alto padrão.
Sua proximidade com bairros nobres
como Alto da Lapa, Perdizes e Pinheiros, o rápido acesso
para as marginais dos rios Pinheiros e Tietê e a facilidade
de alcançar estradas como Castelo Branco, Raposo Tavares,
Anhangüera e Régis Bittencourt favorecem o crescimento.
Depois do shopping
O jardim Anália Franco, na zona leste, terceiro colocado
entre os bairros mais valorizados, obteve aumento de 69% no
preço do metro quadrado, que passou de R$ 2.140,20
em 2003 para R$ 3.613,73 no ano passado. Mas, nas ruas mais
procuradas, o valor pode chegar a R$ 5.000.
O bairro surgiu recentemente após
a construção do shopping de mesmo nome na região
em novembro de 1999. É considerada uma das áreas
nobres da zona leste, com comércio e serviços.
Ana Carolina Lourençon
Portal Uol
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