Julia Dietrich
especial para o GD
Para melhorar a qualidade da alimentação
infantil e integrar a comunidade, o Mercado Municipal de Pinheiros,
na cidade de São Paulo, tem servido de sala de aula.
Alunos da escola municipal de ensino fundamental Olavo Pezzotti
têm sido levados até lá para aprender,
por exemplo, que o lugar é uma alternativa de consumo
aos hipermercados.
De acordo com a presidenta da Associação de
Permissionários do Mercado Municipal de Pinheiros,
Aíredes Silva, o projeto busca integrar a comunidade
da região com o velho hábito de pesquisar e
passear antes de comprar. "As crianças são
os nossos consumidores do futuro e são ensinadas, durante
a atividade, quais as particularidades que só um mercado
de bairro oferece", aponta Silva.
Para ela, o passeio reflete um retorno de curto, médio
e longo prazo, pois as crianças voltam para suas casas
e comentam com seus pais e vizinhos o que aprenderam. O resultado
é que mais pessoas passam a comprar e valorizar o espaço
de 4.196 metros quadrados que existe desde 1971 e é
diariamente freqüentado por cerca de 400 consumidores.
As crianças de duas turmas da quarta série
do ensino fundamental foram acompanhadas por professores da
escola e funcionários voluntários do próprio
mercado, que também ofereceu um lanche nutritivo. "A
refeição continha produtos comercializados no
local, como frutas, pães e, claro, as preferidas guloseimas",
explica a proprietária da lanchonete e uma das acompanhantes
do passeio, Isabel Meirinhos.
O foco do passeio era tanto promover o mercado e os produtos
lá oferecidos, quanto divulgar o projeto Alimentação
Saudável. Segundo Silva, hoje há um alto índice
de obesidade infantil e um exponencial aumento de suas conseqüências,
como a diabetes e hipertensão. "As crianças
de hoje só comem produtos prontos, e, muitas vezes,
de forma compulsiva. É assustador ver a baixa qualidade
nutricional da alimentação infantil", observa.
A proprietária do pet shop do mercado e voluntária
na mais recente visitação, Rosane Moreno, disse
que ficou impressionada com o interesse das crianças
pelos alimentos frescos e concluiu que, depois das lojas de
animais, os favoritos foram o sacolão e a peixaria.
"Muitas das crianças não conheciam polvo,
camarão e frutas como a tamarindo". Parte desse
desconhecimento se deve ao preço médio dos produtos,
como, por exemplo, o do quilo do camarão que varia
de R$ 7 a R$ 30, dependendo da espécie.
As crianças conheceram a história do mercado
e participaram de uma peça de teatro com a nutricionista
Leila Adnan que indicou quais alimentos deveriam constar de
uma refeição saudável, balanceando proteínas,
carboidratos e vitaminas, sem excluir os doces que também
devem existir no plano para a faixa etária. Para Wesley
da Silva Júnior, de 10 anos, a melhor parte do passeio
foi o personagem Abacaxi que "representava muito bem"
e "as verduras que nunca acabam porque têm sempre
no estoque".
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