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Mesmo
quando a qualidade do ar é classificada como boa em
São Paulo, os paulistanos respiram poluição
suficiente para provocar um colapso no coração.
O alarme foi dado após divulgação da
pesquisa do Instituto do Coração (Incor), do
Hospital das Clínicas. Ficou comprovado que ainda que,
a concentração de gases tóxicos não
"incomodem" as estações de medição,
a ocorrência de ataques cardíacos já aumenta
entre 7% e 12% por causa dos níveis de poluentes.
O estudo avaliou 3.300 pessoas, que
recorreram, nos últimos 20 meses, ao pronto-socorro
do Incor com diagnóstico de arritmia (aceleração
exacerbada dos batimentos cardíacos). Os pesquisadores
atestaram que os dias mais movimentados de pacientes com "pane
no coração" eram também os mais
poluídos.
Para promover um aumento de 12% dos
casos de descompasso na freqüência cardíaca,
bastou a concentração média de monóxido
de carbono, principal poluente emitido pelos veículos,
chegar a 1,5 ppm (parte por milhão). Na escala oficial,
só quando a concentração atinge nível
superior a 9 ppm o ar é classificado como ruim pelo
Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
As partículas inaláveis
- outro poluente comum na atmosfera de São Paulo -
também fizeram crescer em 7% a ocorrência de
arritmia no pronto-socorro do Incor. Da mesma forma, a concentração
necessária para culminar em problemas foi de 22 mg
por metro cúbico, bem menor do que a faixa de 50 mg/m3
considerada imprópria. "Ficou evidente que valores
de poluentes muito inferiores do que o tolerável são
suficientes para provocar danos severos à saúde",
afirma o coordenador da pesquisa, Ubiratan Santos.
Os padrões para considerar
o ar bom ou ruim, explica o Conama, foram estipulados em 1990
e até agora não passaram por atualização.
No ano passado, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) sugeriu que o Brasil reduzisse pela metade esses indicadores.
"Somos favoráveis à redução.
Mas isso exigiria uma mudança brusca na indústria
e na economia", afirma o assessor da Secretaria de Mudanças
Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Carlos
Alberto Santos.
O Estado de S. Paulo
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