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Álbum
será lançado hoje em comemoração
aos 17 anos da CPTM, que abrigou instrumentos
Eles simplesmente obedecem à frase escrita nos pianos
espalhados pelas estações da Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos (CPTM): "Toque-me sou teu."
Desde que o projeto começou, em outubro, centenas de
pessoas já sentaram nos banquinhos. São músicos
profissionais, amadores ou simplesmente curiosos que passam,
veem o instrumento desocupado e se sentam para se divertir,
atrair a atenção de quem passa e tornar o ambiente
mais agradável.
Trecho das músicas tocadas
nos pianos das estações da CPTM
Enquanto a maioria faz isso ocasionalmente,
um grupo de sete pessoas repete a ação sempre
que passa pelas estações. O resultado é
que eles foram escolhidos para gravar um CD e realizar uma
apresentação, hoje, nas comemorações
do 17º aniversário da companhia.
O álbum vai ser lançado
e distribuído para os usuários às 17
horas, na Estação da Luz, local onde o piano
foi mais utilizado. A diferença de idade do grupo -
entre 9 e 31 anos - e de origem social proporcionou uma variedade
de estilos tocados, de acordo com a realidade de cada um.
Entre eles há frequentadores de conservatórios
dramáticos musicais e músicos autodidatas, que
aprendem as músicas "de ouvido". Por isso,
o CD traz obras clássicas, pop/rock e MPB.
A estudante Larissa Leandro Kelis,
de 11 anos, é uma das mais novas do grupo. Ela começou
a ter aulas particulares de piano no ano passado e, até
então, só havia tocado em seu teclado, tendo
como plateia a família. "Eu achava que era tímida,
mas não me importei muito quando vi um monte de gente
em volta de mim na estação", diz ela. Pelo
menos uma vez por semana, ela passa pela Estação
da Luz com os pais e o irmão e interrompe o passeio
para tocar.
O mais velho do grupo é o ajudante
de cozinha Manuel Messias de Jesus Figueiredo, de 31. Natural
de Vitória da Conquista (BA), ele está há
mais de uma década na capital paulista. Conta que aprendeu
os primeiros acordes com amigos e aperfeiçoou a técnica
por conta própria. Já chegou a tocar em bares
à noite, mas atualmente só exercita na casa
de amigos e na Luz, que fica perto de sua casa. "É
legal porque muita gente toca músicas clássicas
quando senta ao piano, mas eu prefiro as daqui do Brasil e
da minha terra. E isso diversifica o resultado final",
diz ele, que gravou no CD Assum Preto, de Luiz Gonzaga e Humberto
Teixeira.
Já Carlos Alberto Dias da Cruz,
de 28 anos, é um dos poucos músicos profissionais,
que sobrevive tocando em igrejas, casamentos e dando aulas.
Sua família é formada por músicos - seu
pai foi regente de banda, o irmão é guitarrista
e os tios, violonistas. Após aprender as partituras,
ele começou a tocar canções de filmes
e aumentou o repertório com músicas pop. Esse
estilo agrada às pessoas que passam pela Estação
da Luz e pedem para que ele continue. Por isso, já
chegou a ficar três horas no banquinho e pelo menos
três vezes por semana toca na estação.
De acordo com a CPTM, centenas de
pessoas já tocaram os pianos, mesmo eles estando disponíveis
em somente duas estações - Luz e Santo Amaro.
"Esse é um projeto que deu certo, tanto que sempre
que alguém toca atrai muita gente. Agora, o piano de
Santo Amaro vai circular para chegar a outras estações",
diz o presidente da companhia, Sérgio Avelleda.
Renato Machado
O Estado de S.Paulo
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