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17/02/2006
Carta da semana Por que mudar o Brasil
é tão difícil?
“Para respondermos a esta
pergunta devemos retornar ao passado. Não precisamos
ir tão distante, apenas algumas décadas atrás.
Desde o “Plano de Metas”, do presidente Juscelino
Kubitschek, que envolvia construções de hidrelétricas,
rodovias, atração de indústrias multinacionais
e a construção de Brasília. Durante a
Ditadura Militar muitos foram os empréstimos estrangeiros
para a realização dessas grandes obras por todo
o Brasil, não que isto não tenha sido bom, é
claro que possibilitou a nossa industrialização,
não nego isto, mas nessa mesma época o arrocho
salarial impetrado pelo governo militar diminuiu nosso nível
de consumo e conseqüentemente a possibilidade de realizar
uma inclusão social de nossa população
sofrida, e nos endividou muito.
Se não bastasse na era Collor e FHC praticamente todas
as empresas estatais construídas com dinheiro emprestado
foram vendidas e estão nas mãos de estrangeiros.
O pior é que a desculpa para se realizar as privatizações
era diminuir a dívida, o que era mentira. A dívida
pública quando FHC assumiu o governo era 167 bilhões
de dólares e ao final de seu governo estava em torno
de 900 bilhões.
Deve-se somar a esta catástrofe a falta de investimentos
em saúde, educação, segurança
pública, inchaço de vultuosas pensões
no INSS que impossibilitam maiores aumentos ao aposentados,
a metade de nossas propriedades rurais nas mãos de
um por cento dos proprietários, as multinacionais que
nos exploram enriquecendo outros países, a nossa desigualdade
social que é uma das maiores do mundo, favelas, e assim
por diante.
Todos esses problemas construídos ao longo de nossa
história, com certeza, não se resolvem em poucos
anos. Contudo, existe duas formas de mudar este quadro: uma
pelas mãos do povo através de uma revolução
nos moldes das revoluções socialistas, a qual
a maioria do povo brasileiro dificilmente aceitaria.
A outra é a que se faz agora tentando controlar a enorme
dívida brasileira e a inflação com mãos
rígidas para gradativamente levar o país a um
crescimento sustentável. E deve-se procurar incessantemente
o crescimento sustentável porque o Brasil já
soube o que é crescer enormemente em alguns anos, a
exemplo da época da Ditadura Militar onde tivemos crescimentos
superiores a dez por cento ao ano. Porém, após
passamos quase duas décadas de ruínas. Essa
forma leva muito tempo, mas é construída com
o consenso de todos, pois para aprovar uma nova medida ou
lei no congresso o governo negocia com a oposição,
isso faz com que a resolução seja lenta.
Por essas razões devemos
refletir: com tantos problemas achar que o Brasil pode mudar
em três ou quatro anos é ser muito ingênuo,
desconhecer nossa história e a injustiça social
que foi criada por ela”,
Claudio Ventura - claudioventura1982@yahoo.com.br
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