Há
um movimento no Congresso para ampliar os direitos das empregadas
domésticas, equiparando-as a qualquer trabalhador.
Fala-se em demissões, já que muitas famílias
não teriam condições de bancar o aumento
de custos. Fala-se também que a lei seria ainda mais
desrespeitada. Bobagem.
O que importa aqui é o seguinte, se nossa comparação
for com padrões civilizados: 1) não deveria
existir uma categoria com menos direitos; 2) ter empregada
em casa é um luxo, acessível a gente muito rica
aliás, riquíssima.
O problema é que, muitas vezes, o trabalho da empregada
confunde-se com o de uma escrava. Tem hora para levantar,
mas não tem hora para dormir. É obrigada a ouvir
desaforos, especialmente das crianças. Submete-se às
mais diferentes humilhações.
O que tende a acontecer, como vemos nas nações
mais ricas, é as famílias assumirem (dos pais
aos filhos) parte dos cuidados da casa e terem de contratar
uma diarista que, no final, acaba ganhando um salário
maior. As crianças são ensinadas a preservar
a casa.
As cidades acabam oferecendo muitos serviços de alimentação
e lavanderia. Cozinha-se menos em casa. Abrem-se ou expandem-se
novas funções como o de baby-sitter.
Quanto menos empregadas e mais direitos --, maior civilidade.
Quem quiser ter uma em casa, que pegue e bem.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
|