Como é
uma medida de alto impacto, especialmente na classe média,
o pedágio urbano foi demonizado na campanha eleitoral
paulistana. Chega-se a dizer que esse recurso, imagine, ataca
os pobres. Perde-se uma chance, por falta de grandeza dos
candidatos, de colocar com transparência uma medida
que, mais cedo ou tarde, a cidade terá de tomar --e
quanto mais tarde, pior. Até porque o pedágio
está cada vez mais caro.
É fácil entender o pedágio quando se
mede quanto um motorista gasta a mais por causa dos congestionamentos.
Ou quanto se paga nos escorchantes estacionamentos. Ou até
no pedágio diário aos flanelinhas.
Paga-se também pedágio nas horas paradas no
trânsito, o que significa menor produtividade que se
traduz em menos dinheiro no bolso.
Olhando o número de caminhões e automóveis
licenciados mensalmente na cidade, constatamos rapidamente
que a situação só tende a piorar; são
900 caminhões novos todos os meses. Uma série
de cidades tem optado pelo pedágio urbano (e com boa
aceitação) porque, ao mesmo tempo em que se
tira o carro da rua, aumenta-se a arrecadação
para aprimorar os transportes públicos --isso sim beneficia
o pobre.
Estamos perdendo uma chance de lançar uma proposta
para a sociedade e, pior correndo o risco de lançar
a medida quando já tivermos quase nenhuma alternativa.
Enquanto isso, os desinformados vão pagando cada vez
mais pelo pedágio.
Para não ser injusto, tenho de reconhecer que pela
menos um candidato (Soninha) teve a ousadia de propor a discussão
do pedágio urbano. Apenas esse gesto já valeu
sua participação na eleição.
Coluna originalmente publicada
na Folha Online, editoria Pensata.
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