Há
uma série de pesquisas que mostram o enorme estresse
a que é submetido um professor, especialmente de escola
pública, traduzindo-se em várias doenças,
como ansiedade ou depressão. Ao perder o encanto de
ensinar, ele estará, enquanto profissional, morto,
esperando a aposentadoria.
Todos falam em inúmeros fatores por trás dessa
"morte": classes superlotadas, falta de estrutura
das escolas, pais desinteressados, alunos violentos, poucos
estímulos para premiar o mérito etc. Há,
porém, um fator pouquíssimo comentado, que,
na minha opinião, é dos piores porque se associa
ao mau desempenho nas notas e favorece comportamentos violentos.
Tenho recebido uma série de estudos que revelam a
altíssima incidência, nas escolas públicas,
de doenças e distúrbios psicológicos
em estudantes. Falamos aqui em, no mínimo, 30% dos
alunos, entre os quais alguns simplesmente não enxergam
ou ouvem direito. Só a dislexia pode estar atingindo
15% deles. Temos na sala de aula um desfile de enfermos sem
cuidados apropriados.
Isso significa que os governos deveriam ajudar as escolas
a enfrentar problemas que não podem ser resolvidos
pelo professor, da saúde à assistência
social; filhos de famílias desestruturadas tendem a
ter problemas em sala de aula. Exige-se, assim, um olhar mais
sofisticado diante da educação.
Como esse olhar não existe e cada repartição
do governo trabalha isoladamente, o professor acaba vítima
de tensões que vão muito além da sala
de aula. Esse é um dos fatores que explicam o enorme
absenteísmo e a rápida rotatividade em escolas
públicas tanto de estudantes como de professores.
Nessa "morte" do professor, a maior vítima,
é claro, é o lado mais frágil, o aluno,
acusado de ser culpado por não aprender. E aí
quem "morre" é o aluno, que passa a não
ter interesse pelo conhecimento.
PS - No site
há mais dados sobre educação e saúde.
O massacre dos inocentes
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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