Estão
no local o Masp e centros culturais como o Sesc, o Sesi, a
Caixa Econômica, a Casa das Rosas e o Centro Cultural
Itaú
Caviar, açúcar, chocolate, diamantes e lixo
são alguns dos elementos usados por Vik Muniz para
elaborar suas obras, provocando filas no Masp.
Um grupo de jovens observa a exposição de um
ângulo diferente, com aproximadamente 300 metros de
distância. Para encontrá-los é preciso
atravessar a rua e passar pela mata atlântica que compõe
o parque Trianon até chegar ao colégio Dante
Alighieri, onde se desenvolve a experiência virtual
para transformar a avenida Paulista numa sala de aula.
A experiência nasce virtual -mais precisamente no laboratório
de internet- para ganhar as ruas, transformando-se numa vivência
real.
"Colocamos para os estudantes o desafio de transformar
a avenida Paulista numa extensão da escola", conta
Valdenice Cerqueira, coordenadora de tecnologia do Dante.
O projeto nasceu da constatação de que a Paulista,
um dos mais importantes pontos culturais do país, está
ao mesmo tempo perto e distante dos alunos -aliás,
um fenômeno que ocorre em toda a cidade.
Além do Masp, estão na avenida Paulista espaços
culturais como o Sesc, o Sesi, a Caixa Econômica Federal,
a Casa das Rosas e o Centro Cultural Itaú, onde passam
algumas das melhores exposições, filmes, shows
e peças -boa parte disso é de graça ou
a preço popular.
"Os currículos escolares podem ser ilustrados
com muito do que acontece na Paulista", diz Valdenice,
pedagoga com mestrado em informática pela Unicamp.
A insegurança fez com que os paulistanos, especialmente
os mais jovens, nunca tivessem desenvolvido o hábito
de andar a pé pela cidade.
Numa atividade extracurricular, Valdenice orienta o grupo
dos estudantes -que construiu um blog, usando os recursos
de multimeios, que tem a meta de contar, diariamente, o que
ocorre de interessante na vizinhança. Juntaram-se ao
grupo uma jornalista para trabalhar o texto e professores
de cinema.
O passo inicial foi fazer o mapeamento com a agenda, combinada
com comentários sobre o que acontece na Paulista.
O projeto era ser uma alavanca virtual para a vivência
real nas ruas e, assim, os estudantes se sentiriam mais estimulados
a fazer da Paulista uma extensão da escola. Tudo isso
já serviria para desenvolver habilidades de expressão.
Com o tempo, o projeto foi ficando mais ambicioso. Eles
querem popularizar o blog entre estudantes de escolas públicas.
E, no final, conseguir apoio para que esses alunos tenham
apoio pelo menos de transporte para que possam frequentar
os centros culturais da Paulista.
Na semana passada ofereceram um ônibus do próprio
colégio para que os estudantes mais carentes pudessem
ver uma peça de teatro. "O que era inicialmente
um projeto escolar está virando uma experiência
comunitária", conta Valdenice.
Se eles vão conseguir fazer essa mobilização,
ainda não se sabe. Mas, pelo menos, se assemelha à
vontade que algumas pessoas tiveram de mudar São Paulo
-a começar pela construção daquele museu
em frente ao Dante.
Coluna originalmente publicada na
Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.
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