Maximilien
Calligaris
Será que as crianças deveriam receber bolsas
financiadas com fundos públicos para estudarem em colégios
particulares? A lógica é a seguinte: todos os
pais pagam impostos destinados ao funcionamento da escola
pública. Quando a rede pública é insuficiente,
os pais precisam partir para a escola privada. Será
que os estudantes deveriam receber bolsas públicas,
como uma espécie de devolução financeira,
para que possam destinar ao custo da escola privada escolhida?
A questão resume o debate que acontece atualmente
em Utah, EUA, depois que o governador do Estado assinou a
lei “Parent Choice in Education” (Escolha Parental
na Educação), em fevereiro de 2007. Essa revolução
no sistema educacional americano foi votada por referendo
ontem. O primeiro programa geral de “voucher”
(espécie de reembolso) escolar oferecerá bolsas
entre US$ 500 e US$ 3.000 a cada um dos 500 mil estudantes
que freqüentam escolas públicas e desejam transferir-se
para as privadas. Programas parecidos já existem em
12 Estados dos EUA, mas o de Utah será o primeiro para
os estudantes de todos os níveis, desde o pré-primário.
Espera-se que o programa aumente a qualidade média
da escola pública e dê às famílias
menos favorecidas a possibilidade de evitar escolas incompetentes.
De fato, os pais estão cansados das escolas congestionadas
e desqualificadas e acreditam que a competição
efetiva com as privadas melhorará a qualidade do sistema
de ensino público.
Por mais que pareça apropriada e inclusiva, essa nova
legislação produziu uma forte oposição,
sobretudo, entre os professores e os administradores da rede
pública. Muitos acreditam que ela não só
encorajará os estudantes a fugir das escolas públicas,
mas aumentará o descaso do Estado com o ensino.
|