Quanto mais contos de fadas na
infância, menor o interesse pela violência, revela
estudo. “Crianças que têm mais contato
com literatura infantil adiam o fascínio pela violência”,
disse o psicólogo e fonoaudiólogo Carlos Brito,
professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).
Coordenador do estudo O universo da fantasia dos contos de
fadas no cotidiano das crianças seduzidas pela virtualidade
dos jogos de computador, Brito e as alunas Bruna Vasconcellos,
Karlise Lucena e Marceline Cavalcanti percorreram lan houses
(casas de jogos eletrônicos) e entrevistou crianças
e adolescentes para saber quais eram os games mais populares.
Numa segunda etapa, a equipe aplicou um questionário
a 40 estudantes de dois colégios de classe média
alta da região metropolitana de Recife. Entre outubro
de 2003 e agosto de 2004, foram entrevistados 20 meninos e
20 meninas, com idades entre 8 e 9 anos. As escolas seguiam
linhas pedagógicas diferentes, uma tradicional e outra
construtivista.
“Para nossa surpresa, os alunos da escola tradicional
achavam que contos de fadas eram para crianças pequenas
e confessaram gostar dos jogos eletrônicos em virtude
da violência”, afirmou o pesquisador.
Segundo Brito, o contato sistemático dos alunos da
escola construtivista com a literatura infantil, principalmente
com contos de fadas, estimula as crianças a lidar com
a imaginação, exteriorizando a agressividade
de maneiras sadias. O mesmo não ocorre com alunos da
escola tradicional, que associam a leitura às provas
e notas e preferem os jogos eletrônicos.
“Por isso, é importante que a escola enfatize
o aspecto lúdico na educação e não
apenas o conteúdo das disciplinas”, disse.
Ação e aventura
Meninos de ambos os colégios disseram gostar de ação
e aventura. Porém, os alunos da escola tradicional
se enquadraram no estereótipo “crianças
da virtualidade”: 70% jogam games mais de duas vezes
por semana, enquanto 30% dos meninos da escola construtivista
têm o mesmo costume.
Jogos como Grand Theft Auto, Counter Strike e The Sims -
a versão nova, na qual se pode confinar ou matar um
integrante da família -, com alto teor de violência,
estão entre os preferidos destes garotos.
Entre as meninas, as alunas do colégio construtivista
apresentaram mais entusiasmo pela fantasia do que as que estudam
no colégio de linha pedagógica tradicional.
Para essas últimas, o computador praticamente substitui
a literatura infantil. Apenas 50% das meninas do colégio
construtivista reconhecem a violência nos contos de
fada, enquanto 100% têm essa percepção
nos games.
A pesquisa foi apresentada este ano no Congresso Internacional
de Educação de Recife e no Congresso de Práticas
Pedagógicas do Norte e Nordeste.
As informações são da Agência Fapesp
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