A
terceira pesquisa realizada no País sobre analfabetismo
funcional mostra que 75% da população. O número
inclui os analfabetos absolutos - sem qualquer habilidade
de leitura e escrita - e os 68% considerados analfabetos funcionais,
que têm dificuldades para compreender e interpretar
textos. Os resultados serão divulgados hoje pelo Instituto
Paulo Montenegro, o braço social do Ibope, que desde
2001 faz essa avaliação bienalmente.
Os números mudaram pouco em quatro anos. Apenas o
grupo que está no nível 2 de alfabetismo teve
crescimento significativo, passando de 34% para 38%. Fazem
parte dele pessoas que são capazes de ler textos curtos
e localizam apenas informações explícitas.
Para o secretário-executivo do instituto, Fábio
Montenegro, esse aumento reflete o esforço de universalizar
o ensino fundamental no País.
Com os oito anos de estudo, algumas habilidades já
são consolidadas. O índice de alfabetismo funcional
(INAF) avalia pessoas entre 15 anos - idade em que se termina
o fundamental - e 64 anos.
O nível 1, chamado de rudimentar, porque tem a capacidade
de ler títulos e frases isoladas, se manteve na faixa
dos 30%, como nos outros anos. Também como em 2001,
26% dos brasileiros estão no grupo dos que apresentam
plenas habilidades de leitura e escrita.
O alfabetismo funcional é medido há pouco tempo
no mundo. O conceito foi definido pela Unesco no fim da década
de 70 e engloba aqueles que conseguem utilizar a leitura e
escrita para se inserir plenamente na sociedade e compreender
a realidade. A Unesco pretende lançar em 2006 um exame
mundial para identificar analfabetos funcionais. Fora o INAF,
apenas o IBGE os contabiliza no Brasil, mas sem avaliação.
Desde os anos 90, quem tem menos de quatro anos de estudos
passou a fazer parte desse grupo.
A prova realizada pelo instituto tem 20 questões.
São aplicados também questionários sobre
situação familiar, escolar e práticas
de leitura e escrita. A entidade também já realizou
duas avaliações para medir habilidades de matemática
da população. Os resultados mostraram que brasileiros
incapazes de escrever conseguem fazer contas sem uso de calculadoras.
Índice empresarial
O Instituto Paulo Montenegro lança este ano o índice
de alfabetismo funcional empresarial. A ferramenta poderá
ser usada pelo próprio departamento de recursos humanos
da empresa interessada, gratuitamente. "Muitas pessoas
que estão empregadas não conseguem escrever
um e-mail, entender memorandos ou cursos de capacitação",
diz Montenegro. "Elas camuflam essa deficiência
e isso prejudica a produtividade da empresa".
Um piloto do método deve ser aplicado ainda este mês.
Há variações de avaliações
já prontas para os setores siderúrgico, automobilístico,
petroquímico, papel e celulose e alimentos. Com os
resultados, o instituto pretende ajudar as empresas a solucionar
resolver o problema. "É preciso investir em rodas
de leitura, bibliotecas. Isso vai melhorar a auto-estima dos
funcionários e fazer com que colaborem mais com a empresa."
As informações são
do jornal O Estado de S.Paulo.
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