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Erika Vieira
“O sindicato entende que o baixo
desempenho dos estudantes de medicina no exame do Cremesp
(Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo)
se deve ao estelionato educacional praticado pelas faculdades.
É fruto da exploração mercantil do ensino”,
diz o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos de
São Paulo), Cid Célio Jayme Carvalhaes. Pelo
terceiro ano consecutivo o teste é realizado. O índice
de reprovação cresceu 18 pontos percentuais
no primeiro ano e 25 pontos no segundo. O resultado é
uma reprovação de 56% dos universitários
do sexto ano de medicina que compareceram às provas
em 2007.
Profissionais despreparados são formados por instituições
que não fornecem a infra-estrutura adequada. “As
faculdades fazem prédios bonitos, mas que não
significam nada. Faltam instalação de equipamentos,
estrutura de ensino, corpo docente bem preparado e hospital
de referência próprio”, afirma Carvalhaes.
Para um médico se formar, é
necessário passar pelo período de residência,
um tipo de estágio obrigatório em que se vive
o dia-a-dia da profissão na prática. Universidades
como a USP e a Santa Casa, as duas mais bem pontuadas no exame
do Cremesp, possuem hospitais próprios, ambos reconhecidos
como institutos de referência médica. Esse é
um dos fatores que mais contribuem para a boa formação
dos estudantes. Essa não é, porém, a
realidade de grande parte das escolas. “Muitas usam
o artifício de se credenciar em hospitais assistenciais
que não possuem estrutura de ensino.”
“Há mais de 15 anos,
lamentamos a má qualidade das faculdades; agora estamos
começando a ver os resultados danosos”, afirma
Carvalhaes. Por conta disso, já existe um projeto de
lei na Câmara dos Deputados que determina a moratória
por dez anos na abertura de uma faculdade de medicina. O Simesp
está pedindo que seja inclusa a fiscalização
obrigatória das universidades em funcionamento.
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