Julia Dietrich
especial para o GD
Em "bate-papo" com o jornalista Gilberto Dimenstein,
a secretária municipal de educação de
Belo Horizonte (MG), Maria do Pillar, contou como a integração
entre a comunidade e a escola pode ser uma fórmula
para revolucionar a vida de crianças e jovens brasileiros.
O caso de BH foi um dos cinco apresentados durante o seminário
Seminário Cidades Sem Muros - construção
de comunidades de aprendizagem, promovido pela Cidade Escola
Aprendiz.
Há 12 anos, Pillar emplacou mudança do ensino
fundamental para nove anos obrigatórios, medida reproduzida,
hoje, como política pública nacional e o desenvolvimento
de um programa de educação que ultrapassasse
os muros da escola. O chamado Escola Plural, entre inúmeras
ações, possibilita a visitação
dos alunos a diversos pontos históricos e educativos
da cidade, sempre aliando o lúdico e o divertido aos
diversos campos do conhecimento.
Para isso, foi equipado um ônibus temático e
outros 11 escolares, além de uma verba própria
para que cada escola contrate o transporte que precisar durante
o ano. "No início, poucas escolas se inscreviam
no programa, mas hoje, já contabilizamos mais de 35
mil visitas guiadas, sendo nove mil delas só neste
ano. O que nos mostra que a comunidade escolar está
cada vez mais integrada no projeto,"contou a idealizadora.
O programa contou ainda com a sensibilização
dos professores sobre a importância de fomentar os jovens
na colonização do espaço público,
transpondo o espaço físico da instituição
de ensino, mas sempre buscando que os educadores justificassem
suas escolha de itinerários e o que seria trabalhado
com os alunos nessas visitas guiadas.
"Entretanto, percebemos que só isso não
era suficiente. Precisávamos garantir que a criança
tivesse atividades extras no contra-turno, pensando em buscar
o ensino integral", apontou a secretária que trabalhou
o conceito de bairro-escola, apreendido no Fórum Mundial
de Educação, sediado em Nova Iguaçu,
no Rio de Janeiro.
A equipe da secretária mineira buscou então
unir ao Escola Plural, o trabalho de atividades e oficinas
no contra-turno, oferecidas por organizações
não-governamentais, órgãos públicos
e entidades parceiras, proporcionando aos jovens diversas
atividades, como, por exemplo, modalidades esportivas, recreação
e aulas de natação e informática.
O trabalho se estendeu neste ano a três universidades
privadas e duas públicas, aumentando a oferta e o foco
das oficinas. "Diversos departamentos da Universidade
Federal de Minas Gerais ofereceram 107 oficinas que vão
de desenho da natureza à aulas sobre o Direito e a
Legislação," comemorou Pillar.
A secretária encantou a todos no evento que aconteceu
no Museu de Arte de São Paulo, como parte do seminário
comemorativo de nove anos da Associação Cidade
Escola Aprendiz, "Cidade sem muros", apresentando
depoimentos de professores, educadores e diretores das escolas
envolvidas no processo.
Pillar , explicou que certamente o trabalho da comunidade
possibilita repensar o molde da educação tradicional,
mas segundo ela, ainda há muito em que avançar.
"A escola ainda é analógica e nossos jovens
são digitais. Precisamos repensar cotidianamente nosso
papel na educação."
Dimenstein finalizou apontando como ações como
a iniciativa da equipe de Pillar revolucionam a educação
e, embora existam problemas na execução de projetos
desse porte, a atuação em Belo Horizonte é
digna de reconhecimento," aplaudiu o jornalista.
|